São Paulo, sábado, 11 de abril de 1998

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Inocente fica 58 dias na prisão

especial para a Folha

O tecnólogo Nelson Munhoz, 45, passou 58 dias na prisão injustamente. Meses depois, teve sua inocência reconhecida pela mesma pessoa que o acusara.
Em outubro de 1996, acusado de estupro com base em reconhecimento feito pela vítima, teve sua prisão temporária decretada por 15 dias. O juiz mandou soltá-lo três dias depois, pois não havia provas da autoria do crime.
Em fevereiro de 1997, Munhoz ganhou uma prisão preventiva. Ficou encarcerado durante 55 dias e foi solto mediante concessão de habeas corpus.
"Como tenho curso superior, fiquei em prisão especial, que tem melhores condições do que as outras. Por isso, não sofri agressões na cadeia. A grande violência foi ter sido preso sem ter feito nada".
Munhoz diz que em nenhum momento levaram em conta a sua história e as suas provas. "Valia apenas a palavra da vítima. Só fui considerado inocente quando a própria vítima reconheceu que estava enganada", conta.
Nem seu aspecto físico corresponde à descrição do agressor. Segundo essa descrição, o estuprador era calvo, de olhos claros, usava bigode, tinha 1,70 m de altura e dirigia uma picape preta. De tudo isso, Munhoz só tem o bigode.
Ele tenta reconstruir sua vida. "Perdi 15 quilos, minha mulher outros tantos e minha mãe passou por uma depressão profunda. Gastei tudo o que tinha e devo dinheiro a familiares e amigos. O dano é irreparável", desabafa.



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