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Inocente fica 58 dias na prisão
especial para a Folha
O tecnólogo Nelson Munhoz, 45,
passou 58 dias na prisão injustamente. Meses depois, teve sua inocência reconhecida pela mesma
pessoa que o acusara.
Em outubro de 1996, acusado de
estupro com base em reconhecimento feito pela vítima, teve sua
prisão temporária decretada por
15 dias. O juiz mandou soltá-lo
três dias depois, pois não havia
provas da autoria do crime.
Em fevereiro de 1997, Munhoz
ganhou uma prisão preventiva. Ficou encarcerado durante 55 dias e
foi solto mediante concessão de
habeas corpus.
"Como tenho curso superior, fiquei em prisão especial, que tem
melhores condições do que as outras. Por isso, não sofri agressões
na cadeia. A grande violência foi
ter sido preso sem ter feito nada".
Munhoz diz que em nenhum
momento levaram em conta a sua
história e as suas provas. "Valia
apenas a palavra da vítima. Só fui
considerado inocente quando a
própria vítima reconheceu que estava enganada", conta.
Nem seu aspecto físico corresponde à descrição do agressor. Segundo essa descrição, o estuprador era calvo, de olhos claros, usava bigode, tinha 1,70 m de altura e
dirigia uma picape preta. De tudo
isso, Munhoz só tem o bigode.
Ele tenta reconstruir sua vida.
"Perdi 15 quilos, minha mulher
outros tantos e minha mãe passou
por uma depressão profunda.
Gastei tudo o que tinha e devo dinheiro a familiares e amigos. O dano é irreparável", desabafa.
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