São Paulo, sábado, 11 de abril de 1998

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FINANÇAS
O Palma$, na periferia da cidade, financia negócios e oferece cartão de crédito para compras de pouco valor
Moradores criam minibanco em Fortaleza

PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza

A Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras criou um banco que faz empréstimos, financia negócios e concede cartão de crédito para a sua clientela, formada por famílias de baixa renda.
Fundado no dia 20 de janeiro passado, o Banco Palma$ tem capital inicial de R$ 6.500, possui 77 correntistas e já concedeu quatro empréstimos para a montagem de pequenos negócios no bairro.
Em meio à alta dos juros provocada pela crise asiática, o Palma$ cobra taxa de 1,5% ao mês.
A área de atuação do banco é restrita ao Conjunto Palmeiras, bairro popular situado na periferia de Fortaleza, com cerca de 30 mil habitantes, que tem renda média de dois salários mínimos (R$ 240).
O coordenador do Banco Palma$, João Joaquim de Melo Neto Segundo, diz que a idéia surgiu quando a associação decidiu eleger a geração de emprego e de renda como prioridade.
"Decidimos criar um banco que estimulasse empreendimentos entre os moradores e que, ao mesmo tempo, viabilizasse o consumo interno na comunidade", diz Melo.
O carro chefe dos serviços prestados pelo banco é o Palmacard, um cartão de crédito que dá acesso a compras numa rede de 57 pequenos estabelecimentos do bairro.
O limite do cartão é de R$ 20, mas sobe gradativamente até R$ 100, dependendo do comportamento do usuário. O pagamento das compras efetuadas com o cartão é feito mensalmente, sem cobrança de juros.
Melo explica que o cartão fortalece comerciantes do bairro e ajuda os moradores em pequenas compras de emergência.
"Nós constatávamos que muitos pequenos comerciantes decretavam falência porque os moradores compravam onde trabalhavam. O cartão muda essa situação e pode acabar com o fiado."
A mesma filosofia foi adotada na linha de crédito criada pelo Banco Palma$ para financiar compras de móveis, roupas e eletrodomésticos até R$ 200. O pagamento pode ser feito em dez meses.
"A nossa única exigência é que o produto seja comprado de um pequeno empresário do bairro. Queremos criar mercado para produtos fabricados pelos moradores."
O Banco Palma$ concede ainda empréstimos de até R$ 300 para que moradores possam montar pequenos negócios ou comprar equipamentos para trabalhar.
Melo disse que o banco está negociando com o governo do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza para que possa centralizar o recolhimento das taxas de luz, água e telefone dos moradores.
Segundo Melo, a inadimplência tem sido nula desde o início do funcionamento do banco. A clientela em potencial são os 657 membros da associação de moradores.



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