São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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SEGURANÇA

Ladrões utilizam motos para assaltos; ocorrências também são registradas nas áreas do Brooklin e da Vila Olímpia

"Batedor de laptop" é ameaça na Berrini

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os batedores de carteira foram os primeiros a apavorar pedestres nas ruas de São Paulo. Depois, vieram os ladrões de relógios e, mais recentemente, de telefones celulares. Os alvos agora são os laptops, considerados tão valiosos pelos assaltantes que eles têm se arriscado a agir armados em locais de intenso movimento como se fossem roubar carros.
Somente em janeiro deste ano, um computador portátil foi levado por assaltantes a cada 15 horas e 30 minutos nas imediações da avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklin (zona sul), um dos principais centros empresariais e comerciais de São Paulo.
Ao final do mês, os bandidos tinham arrecadado 48 computadores nas ruas, avaliados em R$ 192 mil, e cometido 20% do total de assaltos registrados pela polícia no Brooklin e Vila Olímpia -excluindo os veículos roubados.
Foram vítimas os motoristas que transportam seus laptops sobre o banco de carros ou pedestres que carregavam as típicas maletas do equipamento.
Os ladrões são, em maioria, motoqueiros armados, que agem escoltados e usam as motos para escapar mais facilmente no trânsito.
Para a polícia, a explicação para o novo alvo está no retorno. As quadrilhas conseguem vender o produto por até 80% do seu valor, segundo o capitão Salvador Modesto Madia, 39, comandante da Polícia Militar na região. Há equipamentos que custam R$ 4.000, outros R$ 6.000 e até mais R$ 10 mil, dependendo do modelo. ""No roubo de carro, por exemplo, conseguem 10% do preço do veículo", afirma o PM.
Os registros da avenida Luís Carlos Berrini revelam parte do problema, uma vez que a Secretaria da Segurança Pública do Estado não tem estatística específica para essas ocorrências. A Folha encontrou casos semelhantes na região do Itaim Bibi (zona oeste), nas imediações das avenidas Juscelino Kubitschek e Faria Lima.
""O que fomenta esse tipo de crime é o receptador", diz o delegado Elson Alexandre Sayão, 47, titular do 15º DP (Itaim Bibi). Receptação é crime no país, punível com até quatro anos de prisão.
A Folha encontrou oferta de computador portátil na periferia de São Paulo por R$ 1.000, apesar de o modelo do aparelho valer cinco vezes mais nas lojas. O dono não revela a origem do equipamento que ofereceu para venda.
Outro fato que explica a onda de roubos é o processo de popularização dos laptops, principalmente dentro das grandes empresas, que chegam a custear a compra desses equipamentos. De 99 para cá, a venda anual no país cresceu 81%, de acordo com o IDC (International Data Corporation), empresa que realiza pesquisas sobre o mercado de informática.
Desde janeiro, policiais trabalham disfarçados na região da avenida Luís Carlos Berrini, até como empresários, para vigiar e tentar prender os integrantes das quadrilhas. Pelos menos dois grupos já foram desarticulados.
A polícia tenta agora localizar os receptadores e desmontar a rede de distribuição. ""Um dos computadores pode ter sido levado para Curitiba", afirma o delegado Márcio Luiz Moraes Barros de Campos, titular do 96º DP (Brooklin), que atua na região da Berrini.


Colaborou Renato Essenfelder, da Reportagem Local

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