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SEGURANÇA
Ladrões utilizam motos para assaltos; ocorrências também são registradas nas áreas do Brooklin e da Vila Olímpia
"Batedor de laptop" é ameaça na Berrini
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os batedores de carteira foram
os primeiros a apavorar pedestres
nas ruas de São Paulo. Depois,
vieram os ladrões de relógios e,
mais recentemente, de telefones
celulares. Os alvos agora são os
laptops, considerados tão valiosos
pelos assaltantes que eles têm se
arriscado a agir armados em locais de intenso movimento como
se fossem roubar carros.
Somente em janeiro deste ano,
um computador portátil foi levado por assaltantes a cada 15 horas
e 30 minutos nas imediações da
avenida Luís Carlos Berrini, no
Brooklin (zona sul), um dos principais centros empresariais e comerciais de São Paulo.
Ao final do mês, os bandidos tinham arrecadado 48 computadores nas ruas, avaliados em R$ 192
mil, e cometido 20% do total de
assaltos registrados pela polícia
no Brooklin e Vila Olímpia -excluindo os veículos roubados.
Foram vítimas os motoristas
que transportam seus laptops sobre o banco de carros ou pedestres que carregavam as típicas
maletas do equipamento.
Os ladrões são, em maioria, motoqueiros armados, que agem escoltados e usam as motos para escapar mais facilmente no trânsito.
Para a polícia, a explicação para
o novo alvo está no retorno. As
quadrilhas conseguem vender o
produto por até 80% do seu valor,
segundo o capitão Salvador Modesto Madia, 39, comandante da
Polícia Militar na região. Há equipamentos que custam R$ 4.000,
outros R$ 6.000 e até mais R$ 10
mil, dependendo do modelo. ""No
roubo de carro, por exemplo,
conseguem 10% do preço do veículo", afirma o PM.
Os registros da avenida Luís
Carlos Berrini revelam parte do
problema, uma vez que a Secretaria da Segurança Pública do Estado não tem estatística específica
para essas ocorrências. A Folha
encontrou casos semelhantes na
região do Itaim Bibi (zona oeste),
nas imediações das avenidas Juscelino Kubitschek e Faria Lima.
""O que fomenta esse tipo de crime é o receptador", diz o delegado Elson Alexandre Sayão, 47, titular do 15º DP (Itaim Bibi). Receptação é crime no país, punível
com até quatro anos de prisão.
A Folha encontrou oferta de
computador portátil na periferia
de São Paulo por R$ 1.000, apesar
de o modelo do aparelho valer
cinco vezes mais nas lojas. O dono
não revela a origem do equipamento que ofereceu para venda.
Outro fato que explica a onda de
roubos é o processo de popularização dos laptops, principalmente dentro das grandes empresas,
que chegam a custear a compra
desses equipamentos. De 99 para
cá, a venda anual no país cresceu
81%, de acordo com o IDC (International Data Corporation), empresa que realiza pesquisas sobre
o mercado de informática.
Desde janeiro, policiais trabalham disfarçados na região da
avenida Luís Carlos Berrini, até
como empresários, para vigiar e
tentar prender os integrantes das
quadrilhas. Pelos menos dois grupos já foram desarticulados.
A polícia tenta agora localizar os
receptadores e desmontar a rede
de distribuição. ""Um dos computadores pode ter sido levado para
Curitiba", afirma o delegado Márcio Luiz Moraes Barros de Campos, titular do 96º DP (Brooklin), que atua na região da Berrini.
Colaborou Renato Essenfelder, da Reportagem Local
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