São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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SEGURANÇA

Operação teve início em janeiro, após a explosão de casos de roubos de laptops; para policiais, maleta é chamariz

Ação da polícia inclui disfarce de executivo

DA REPORTAGEM LOCAL

O número de roubos de laptop nos arredores da avenida Luís Carlos Berrini levou a polícia de São Paulo a trabalhar com homens disfarçados para surpreender as quadrilhas em ação.
""Tenho investigadores fazendo ronda diária com terno e gravata e carregando as pastas de laptop nas mãos", afirma o delegado Márcio Luiz Moraes Barros de Campos, do 96º DP (Brooklin).
A Polícia Militar também distribuiu seu efetivo sem farda pela avenida, além de reforçar a ronda nas ruas que estão entre a Berrini e a avenida Nações Unidas -os principais focos dos assaltantes.
Os ladrões atacam nos semáforos e no trajeto entre o ponto de ônibus, que empresas contratam para transporte de seus funcionários, e as sedes dos escritórios.
A infiltração de policiais começou a ser feita em janeiro, após explosão dos casos, que vinham sendo registrados esporadicamente desde julho de 2001.
""Há um verdadeiro desfile de pessoas com laptops em determinados horários, como na entrada e saída dos funcionários", afirma o capitão Salvador Modesto Madia, 39, responsável pela região.
O capitão mapeou as ocorrências e visitou as empresas para saber em quais circunstâncias as vítimas tinham sido atacadas.
O resultado do planejamento feito em seguida começa a aparecer: nos últimos trinta dias, dois grupos que agiam na avenida Luís Carlos Berrini começaram a ser desarticulados, em ações que envolveram até tiroteio na rua.
Além dos 48 casos de janeiro deste ano, foram registrados mais 22 em abril e sete casos de maletas de laptop levadas e que não tinham o equipamento -o que comprova, para a polícia, que as bolsas são um chamariz.
""Acredito que as prisões de abril terão impacto sobre os números de casos neste mês", diz o capitão.
O analista de sistema R.D.M., 30, que não quer ter o nome revelado, foi abordado por um ladrão quando entrava no carro, na rua Sansão Alves dos Santos, nas imediações da Berrini, há um mês.
O assaltante, que fingiu estar armado, parou sua moto perto da calçada, pegou a maleta do laptop da vítima e se preparava para fugir quando PMs apareceram.
Eram 20h, horário em que ainda havia movimento de saída de funcionários das empresas.
Outro motoqueiro que dava cobertura ao ladrão passou a tempo de ajudá-lo a fugir. Dias depois, a polícia chegou a um deles a partir da moto abandonada no local.
No dia 29, três rapazes foram surpreendidos perto da Berrini por homens armados, atraídos pelas bolsas de laptop que eles carregavam e que não tinham computadores no interior.
Na fuga, os ladrões trocaram tiros com a PM e um deles acabou baleado no braço.
Agora, a polícia tenta apoio da comunidade para reduzir o número de vítimas. Tem orientado as pessoas a não carregar as bolsas que identificam os laptops.
Um panfleto com orientações, que a Folha reproduz parcialmente, deve ser distribuído em breve nas empresas, logo que for fechada parceria com a iniciativa privada. (ALESSANDRO SILVA)


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