KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O Ministério da Agricultura no Amazonas solicitou ontem à Secretaria de Estado da Educação a suspensão do leite em pó das marcas Premiére e Natumilk na merenda escolar da rede pública por fraude no prazo de validade e procedência duvidosa.
O secretário da Educação, Vicente Nogueira, disse que irá esperar laudo do Laboratório de Referência Animal, em Pedro Leopoldo (MG), que avaliará a qualidade do produto, para pedir ressarcimento dos gastos com o leite, cerca de R$ 293 mil. Ele determinou que a HL Distribuidora Ltda., que ganhou a licitação para a distribuição do produto na rede pública, troque a marca, para não faltar leite em pó nas 159 escolas.
O produto estava sendo ensacado em pacotes de 400 gramas sem prazo de validade, segundo constataram fiscais anteontem na fábrica da fornecedora, a Amazon Milk Ltda. Portaria do ministério determina que os alimentos devem ter no rótulo o prazo de validade, sob pena de autuação.
Segundo o delegado federal do ministério Jamil Tuffi, o leite ensacado havia sido comprado pela Amazon de uma empresa paulista. O prazo original de validade era 26 de junho. Ao reensacar o leite em pó, a empresa estava colocando a data de fabricação em 23/02/02 e de empacotamento em 03/04/02. "Outro agravante é que a Amazon Milk não tinha autorização para manipular leite em fábrica", afirmou Tuffi.
Foram apreendidas 25 toneladas do produto. As embalagens da Premiére pertenciam à Companhia Ciali Amazonense de Alimentos, que tem registro do Serviço de Inspeção Federal, mas está com atividades paralisadas desde outubro. "Para nós, o leite tem procedência duvidosa", diz Tuffi.
Como a Ciali pertence ao mesmo grupo de sócios das empresas Genal e Chocam, investigadas pela Polícia Federal por desvio na extinta Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), o ministério vai enviar o caso ao Ministério Público Federal.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação amazonense, 159 mil alunos do ensino fundamental consomem o leite em pó na merenda escolar.
A Agência Folha não localizou Ricardo Lobato, dono da Ciali, detentora da marca Premiére. Segundo Frede Melo, dono da Amazon Milk e da marca Natumilk, não houve transação irregular entre as empresas. "A qualidade do leite é inquestionável."



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