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Em choque, sobrevivente não se lembra de nomes nem idade
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANACAPURU
O jovem que foi resgatado 24
horas após o naufrágio do barco
Comandante Sales, no rio Solimões, em Manacapuru (AM),
na madrugada do último domingo, ainda está em estado de
choque. Esquece a data do nascimento, os nomes dos amigos.
A reportagem o encontrou
em casa na última sexta, onde
agora ele passa a maior parte do
tempo.
Leandro Souza Monteiro, 22,
foi achado por pescadores agarrado a uma moita de capim no
rio. No momento, disse que tinha 18 anos. "Não lembro a data do meu nascimento."
O rapaz é trabalhador rural e
estudou até a terceira série do
ensino fundamental. Mora numa palafita na periferia. Sua
mãe, Sandra Monteiro, 40, e a
irmã, Alessandra, 17, chegaram
a procurá-lo no IML (Instituto
Médico Legal) em Manaus. Ele
foi encontrado vivo na segunda.
Disse que viajava na proa do
barco. "Não estava chovendo.
Quando passamos no rebojo
[remoinho], o barco virou. Pulei, comecei a nadar, fui parar
na moita de capim. Foi minha
salvação."
Monteiro afirmou que não se
feriu nem foi mordido por peixes. "Fiquei agarrado ao capim.
Só lembrava da minha mãe. Pedi por Deus. Tinha hora que eu
não sabia o que fazer", disse ele,
que não bebeu água do rio e ficou debaixo de "muito sol".
"Estava muito cansado. Senti
muita fome e muita sede."
O rapaz calcula que passava
das 13h de segunda quando foi
encontrado. "Comecei a chorar. Nunca mais vou esquecer
isso, nasci de novo."
Monteiro estima que muitos
passageiros morreram porque
estavam em pé no convés superior. Dez pessoas ainda estão
desaparecidas, segundo a Marinha. Entre elas, Sherllys Cruz,
18, que o pai, o vendedor de
churrasquinho Alcemir, ainda
procurava na última sexta.
(KB)
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