São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008

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Diretor de órgão para artista deficiente ganha título global

Tetraplégico aos 18 anos, Rodrigo Mendes é apontado líder pelo Fórum Econômico

Bill Gates e Tony Blair já receberam essa nomeação; Mendes, que virou artista após acidente, criou instituto para incentivar deficientes

JOANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1990, quando sonhava ser médico, Rodrigo Mendes, então com 18 anos, foi vítima de um assalto em São Paulo, que o deixou tetraplégico. A perda dos movimentos o impossibilitaria para sempre de exercer a profissão. Hoje, Mendes é um artista que preside um instituto com seu nome para promover inclusão social por meio da arte. "Acho que foi a maneira que eu encontrei de exercer a medicina", diz.
Neste ano, Mendes foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o grupo Jovens Líderes Globais, um programa que reúne líderes com até 40 anos que tenham realizado trabalhos de impacto social relevante.
Deste grupo já fizeram parte nomes como Bill Gates e Tony Blair. Na lista deste ano, há mais dois brasileiros, André Esteves (UBS Investment Bank) e Ricardo Villela (Itaú).
"A nomeação foi uma surpresa", afirma Mendes, que diz jamais ter feito inscrição para concorrer ao posto. A seleção é feita por um comitê que inclui altos executivos de Reuters, "New York Times", "Forbes" e outros.

Clareza
A objetividade e a clareza com que Mendes articula e organiza suas palavras parece ter sido o que orientou a série de empreendimentos que se seguiram ao acidente.
Sua primeira exposição foi em 1991. Na época, Mendes era vestibulando e queria estudar medicina. Prestou outro vestibular, passou e foi cursar administração na Fundação Getúlio Vargas. Três anos depois, ele fundou a entidade, para "dar oportunidades de desenvolvimento artístico a pessoas com algum tipo de deficiência".
Durante a sua reabilitação, por estímulo de um artista plástico, começou a pintar, com a boca. "A atividade com arte ganhou uma importância para aquele momento", diz.
Depois que se formou, ele recebeu convite para trabalhar na consultoria Accenture, onde ficou por quatro anos. Neste período, quem comandou a entidade foi sua mãe, Sonia Hübner, ex-diretora de escola.
A entidade funciona em São Paulo, em uma casa com cômodos espaçosos em um terreno de cerca de 700 m2. Adauto Rosa, assistente de Mendes, é quem mostra as instalações, a rampa externa de acesso ao segundo andar, muitas salas e uma van, que leva os alunos.
Mendes também tem um mestrado pela FGV. O tema da dissertação é a gestão da diversidade humana nas empresas.
Ele já não pinta com a freqüência de antes. Agora que é membro da comunidade internacional do Fórum, Mendes pode participar de reuniões periódicas com representantes de mais de 60 países.
Seu plano é ampliar os cursos de formação para professores sobre os temas da diversidade e da inclusão, por alianças com escolas da rede pública.
Há iniciativas em parceria com secretarias de educação ou com o Ministério da Cultura.


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