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Diretor de órgão para artista deficiente ganha título global
Tetraplégico aos 18 anos, Rodrigo Mendes é apontado líder pelo Fórum Econômico
Bill Gates e Tony Blair já
receberam essa nomeação;
Mendes, que virou artista
após acidente, criou instituto
para incentivar deficientes
JOANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1990, quando sonhava
ser médico, Rodrigo Mendes,
então com 18 anos, foi vítima de
um assalto em São Paulo, que o
deixou tetraplégico. A perda
dos movimentos o impossibilitaria para sempre de exercer a
profissão. Hoje, Mendes é um
artista que preside um instituto
com seu nome para promover
inclusão social por meio da arte. "Acho que foi a maneira que
eu encontrei de exercer a medicina", diz.
Neste ano, Mendes foi selecionado pelo Fórum Econômico Mundial para integrar o grupo Jovens Líderes Globais, um
programa que reúne líderes
com até 40 anos que tenham
realizado trabalhos de impacto
social relevante.
Deste grupo já fizeram parte
nomes como Bill Gates e Tony
Blair. Na lista deste ano, há
mais dois brasileiros, André Esteves (UBS Investment Bank) e
Ricardo Villela (Itaú).
"A nomeação foi uma surpresa", afirma Mendes, que diz jamais ter feito inscrição para
concorrer ao posto. A seleção é
feita por um comitê que inclui
altos executivos de Reuters,
"New York Times", "Forbes" e
outros.
Clareza
A objetividade e a clareza
com que Mendes articula e organiza suas palavras parece ter
sido o que orientou a série de
empreendimentos que se seguiram ao acidente.
Sua primeira exposição foi
em 1991. Na época, Mendes era
vestibulando e queria estudar
medicina. Prestou outro vestibular, passou e foi cursar administração na Fundação Getúlio
Vargas. Três anos depois, ele
fundou a entidade, para "dar
oportunidades de desenvolvimento artístico a pessoas com
algum tipo de deficiência".
Durante a sua reabilitação,
por estímulo de um artista
plástico, começou a pintar, com
a boca. "A atividade com arte
ganhou uma importância para
aquele momento", diz.
Depois que se formou, ele recebeu convite para trabalhar na
consultoria Accenture, onde ficou por quatro anos. Neste período, quem comandou a entidade foi sua mãe, Sonia Hübner, ex-diretora de escola.
A entidade funciona em São
Paulo, em uma casa com cômodos espaçosos em um terreno
de cerca de 700 m2. Adauto Rosa, assistente de Mendes, é
quem mostra as instalações, a
rampa externa de acesso ao segundo andar, muitas salas e
uma van, que leva os alunos.
Mendes também tem um
mestrado pela FGV. O tema da
dissertação é a gestão da diversidade humana nas empresas.
Ele já não pinta com a freqüência de antes. Agora que é
membro da comunidade internacional do Fórum, Mendes
pode participar de reuniões periódicas com representantes de
mais de 60 países.
Seu plano é ampliar os cursos de formação para professores sobre os temas da diversidade e da inclusão, por alianças
com escolas da rede pública.
Há iniciativas em parceria
com secretarias de educação ou
com o Ministério da Cultura.
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