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VIDA SEXUAL
Baseado em pesquisas, livro aborda a questão
Mulheres negras dizem ser induzidas à prática por parceiros
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas suas relações com mulheres negras, os homens brancos e negros aparecem como agentes que induzem ao aborto. Na prática do abortamento, no entanto, eles
não colaboram nem com a presença nem com o dinheiro.
Enquanto o homem pensa na negra mais para o sexo e menos para a formação de família -o que tende a resultar em mais abortos-, as mulheres negras
também revelam "um desejo de brancura", dando preferência a
uma relação com alguém de raça branca ou de pele mais clara.
Essas são algumas conclusões do livro "Ventres Livres - O Aborto numa Perspectiva Étnica e de Gênero", que será lançado hoje na
sede da OAB, em São Paulo. A publicação é resultado de pesquisa
qualitativa com 12 entrevistas e
oito grupos focais com homens e
mulheres, brancos e negros, da
periferia leste e sul de São Paulo. A
realização é do grupo Fala Preta,
organização feminista que trabalha com mulheres negras.
Nos grupos focais, onde o entrevistado costuma se colocar de
acordo com as normas sociais, os
homens se dizem contra o aborto
e condenam as mulheres que optaram por ele.
"Nas entrevistas, os homens revelam que foram eles que induziram as mulheres a fazer o aborto",
diz Elisabete Aparecida Pinto,
mestra em ciências sociais pela
Unicamp e coordenadora da pesquisa.
Mesmo induzindo as mulheres
à interrupção da gravidez, eles
não estão presentes na discussão
dos métodos, nem no momento
da realização do aborto, mostram
as entrevistas.
Lançamento e debate sobre o livro acontecem às 19h de hoje na sede da OAB,
praça da Sé, 385, 2º andar. Participam, ao lado da autora, representantes da
OAB, das secretarias municipal e estadual da Saúde e de entidades ligadas à
saúde e a direitos reprodutivos.
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