São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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Acusado de matar Tim Lopes foi solto sem julgamento em 2000

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

KARINE RODRIGUES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Alçado à condição de traficante mais procurado do Rio depois de acusado de ter ordenado a morte do jornalista Tim Lopes, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, 36, já esteve preso sob acusação de sequestro, mas acabou solto porque, depois de quatro anos, não havia sentença no processo.
Elias Maluco foi preso em 1996 pela DAS (Divisão Anti-Sequestro), que apurava sua participação em sequestros. Era, então, gerente do tráfico no morro do Borel (Tijuca, zona norte). Em julho de 2000, conseguiu o habeas corpus que garantiu sua liberdade.
Como não havia sentença no processo, a 6ª Câmara Cível do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio entendeu que o traficante estava sendo submetido a um constrangimento. Desde então, acumula quatro mandados de prisão por homicídio e tráfico de drogas.
O TJ informou que há pelo menos mais cinco processos contra Elias Maluco, por homicídio, tráfico de drogas e sequestro, além de 17 recursos.
Segundo o TJ, ele foi condenado a três anos de prisão num processo por tráfico em 1996, e a pena foi considerada cumprida com prisão no processo de sequestro.
O presidente do TJ, Marcus Faver, disse que Elias Maluco ficou quatro anos preso sem que o processo andasse: ora os policiais que eram testemunhas faltavam às audiências, ora o réu não era levado, ora os advogados faltavam.
Solto, Elias Maluco virou um dos chefes do CV (Comando Vermelho). Com a prisão de outros líderes, tornou-se o principal líder da facção em liberdade.

Liderança
Elias Maluco era gerente do traficante Flávio Negão, de Vigário Geral. Com a morte de Negão, em 1995, assumiu a liderança na favela. Tornou-se homem de confiança de Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, do complexo do Alemão. Com a prisão de VP, passou a gerenciar o tráfico.
Ele comanda também quadrilhas de outras favelas, como Jacarezinho (zona norte) e Pavão-Pavãozinho-Cantagalo (zona sul).
A inspetora Marina Maggessi, da DRE (Delegacia da Repressão a Entorpecentes), diz que Elias Maluco, além de controlar o tráfico de drogas, estendeu sua atuação para a distribuição de armas.
A inspetora não crê que Elias Maluco seja morto pelos parceiros do CV, por ter chamado atenção da polícia com a morte de Tim Lopes. "Ele vai se tornar mais herói ainda. É o modo do CV trabalhar: quanto mais acintoso, melhor."

Cúmplices
Apontados pela polícia como cúmplices de Elias Maluco na morte de Lopes, três traficantes estão sendo procurados: Maurício Matias, 29, o Boizinho, André Barbosa, o Capeta, e Anderson de Carvalho, o Ratinho.
Matias foi condenado a dez anos de prisão por tráfico de drogas e está desde julho de 2001 em liberdade condicional. No mesmo mês, foram expedidos mandados de prisão contra Barbosa e Carvalho por tráfico de drogas. O primeiro está foragido desde então, enquanto o outro fugiu um mês depois de ter sido detido.



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