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Acusado de matar Tim Lopes foi solto sem julgamento em 2000
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
KARINE RODRIGUES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Alçado à condição de traficante
mais procurado do Rio depois de
acusado de ter ordenado a morte
do jornalista Tim Lopes, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, 36,
já esteve preso sob acusação de sequestro, mas acabou solto porque, depois de quatro anos, não
havia sentença no processo.
Elias Maluco foi preso em 1996
pela DAS (Divisão Anti-Sequestro), que apurava sua participação em sequestros. Era, então, gerente do tráfico no morro do Borel (Tijuca, zona norte). Em julho
de 2000, conseguiu o habeas corpus que garantiu sua liberdade.
Como não havia sentença no
processo, a 6ª Câmara Cível do TJ
(Tribunal de Justiça) do Rio entendeu que o traficante estava
sendo submetido a um constrangimento. Desde então, acumula
quatro mandados de prisão por
homicídio e tráfico de drogas.
O TJ informou que há pelo menos mais cinco processos contra
Elias Maluco, por homicídio, tráfico de drogas e sequestro, além
de 17 recursos.
Segundo o TJ, ele foi condenado
a três anos de prisão num processo por tráfico em 1996, e a pena foi
considerada cumprida com prisão no processo de sequestro.
O presidente do TJ, Marcus Faver, disse que Elias Maluco ficou
quatro anos preso sem que o processo andasse: ora os policiais que
eram testemunhas faltavam às
audiências, ora o réu não era levado, ora os advogados faltavam.
Solto, Elias Maluco virou um
dos chefes do CV (Comando Vermelho). Com a prisão de outros líderes, tornou-se o principal líder
da facção em liberdade.
Liderança
Elias Maluco era gerente do traficante Flávio Negão, de Vigário
Geral. Com a morte de Negão, em
1995, assumiu a liderança na favela. Tornou-se homem de confiança de Márcio Nepomuceno, o
Marcinho VP, do complexo do
Alemão. Com a prisão de VP, passou a gerenciar o tráfico.
Ele comanda também quadrilhas de outras favelas, como Jacarezinho (zona norte) e Pavão-Pavãozinho-Cantagalo (zona sul).
A inspetora Marina Maggessi,
da DRE (Delegacia da Repressão a
Entorpecentes), diz que Elias Maluco, além de controlar o tráfico
de drogas, estendeu sua atuação
para a distribuição de armas.
A inspetora não crê que Elias
Maluco seja morto pelos parceiros do CV, por ter chamado atenção da polícia com a morte de
Tim Lopes. "Ele vai se tornar mais
herói ainda. É o modo do CV trabalhar: quanto mais acintoso, melhor."
Cúmplices
Apontados pela polícia como
cúmplices de Elias Maluco na
morte de Lopes, três traficantes
estão sendo procurados: Maurício Matias, 29, o Boizinho, André
Barbosa, o Capeta, e Anderson de
Carvalho, o Ratinho.
Matias foi condenado a dez
anos de prisão por tráfico de drogas e está desde julho de 2001 em
liberdade condicional. No mesmo
mês, foram expedidos mandados
de prisão contra Barbosa e Carvalho por tráfico de drogas. O primeiro está foragido desde então, enquanto o outro fugiu um mês depois de ter sido detido.
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