São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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Para polícia, lago virou cemitério

DA SUCURSAL DO RIO

Nas buscas que fez ontem na tentativa de localizar o corpo do jornalista Tim Lopes, 51, a polícia encontrou no alto da favela da Grota (zona norte do Rio) um charco que pode estar sendo usado como cemitério clandestino pela quadrilha do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, apontado como o principal responsável pelo crime.
As suspeitas da polícia são reforçadas após terem sido encontrados 20 sapatos boiando ou espalhados às margens do lago.
Segundo o delegado-adjunto da 38ª DP (Delegacia de Polícia), Daniel Goulart, os sapatos seriam de pessoas mortas pelo bando de Elias Maluco. Os cadáveres teriam sido jogados no charco.
O charco começou a ser dragado ontem pelo Corpo de Bombeiros. "Somente após a dragagem poderemos confirmar se há corpos no local", disse Goulart.
Outra evidência é o fato de ter sido encontrado, a poucos metros do charco, cinco fragmentos de uma ossada (duas vértebras e pedaços de uma costela). Para Goulart, os ossos não devem ser do jornalista, porque são antigos.
O delegado-adjunto da Delegacia de Homicídios, Bruno Gilaberte, disse que a polícia achou o charco por acaso, após informação de que o corpo de Lopes estaria em um campo de futebol.
Desaparecido desde o dia 2, quando fazia uma reportagem na favela Vila Cruzeiro (zona norte) para a Rede Globo, Tim Lopes teve sua morte confirmada oficialmente anteontem, após o depoimento de dois integrantes do grupo de Elias Maluco.
Eles relataram que o jornalista foi torturado e morto com golpes de espada pelos traficantes, além de ter o corpo carbonizado.
À Polícia Civil, o dirigente da associação de moradores da Vila Cruzeiro, João Cerqueira, o João Rato, disse que os traficantes organizavam o baile funk, tema da reportagem de Lopes.
(MÁRIO HUGO MONKEN)


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