UOL


São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO IRREGULAR

Líder na Câmara de SP diz que quem votou contra anistia pode estar querendo "rever a participação no governo"

Após nova derrota, PT faz ameaça a aliados

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais uma derrota na tentativa de aprovar a anistia a lojas irregulares, o líder do governo na Câmara Municipal, João Antonio (PT), fez uma ameaça velada a integrantes da base governista que não apoiaram a proposta.
Após dizer que "é claro que há co-participação [da base] no processo de administração da cidade" -o que pode ser traduzido como cargos-, o petista afirmou que "aqueles que votaram contra [a anistia] podem estar querendo rever a participação no governo".
Para João Antonio, "é importante que fique claro quem está verdadeiramente com o governo". O petista, que espera conseguir aprovar o projeto hoje, afirmou que "uma das virtudes do ser humano quando tem um objetivo é a persistência".
O governo colocou em votação ontem a proposta que anistia lojas irregulares em algumas vias da cidade, mas não conseguiu os 33 votos necessários -foram 31 a favor e 14 contra. Como também não houve o número mínimo para rejeitar a anistia (23), o projeto fica "pendente" -o que significa que pode ser votado novamente.
Ao final da votação, setores das galerias da Câmara e vereadores do PSDB comemoraram, gritando "São Paulo, São Paulo".
O projeto, de agosto de 2001, já está em discussão no plenário da Câmara Municipal para votação final há três semanas, mas a oposição dentro do próprio PT e de alguns integrantes da base governista tem barrado a aprovação.

O "novo" obstáculo
O principal obstáculo à aprovação do projeto ontem foi a ausência da bancada do PMDB, que não compareceu à votação. O governo contava com o apoio de ao menos quatro peemedebistas.
Articulador dessa oposição, o vereador Milton Leite (PMDB) acusou o governo de utilizar "mecanismos de convencimento que não são os mais claros nem os mais éticos", mas não detalhou que mecanismos seriam esses. Segundo ele, "há pontos obscuros".
O peemedebista disse também ter imposto uma "derrota" ao governo, que "não pode tratar o Legislativo como um capacho".

No PT, pequena vitória
Apesar do novo adiamento, o governo conseguiu o apoio de dois petistas que estavam no grupo que resiste à anistia. Os vereadores Beto Custódio e Flávia Pereira decidiram ontem votar a favor do projeto. Para os dois, o mais importante agora é a união da bancada petista a favor da administração municipal.
Já petistas contrários à medida lamentaram que o projeto continue se arrastando. "É um assunto que ganha uma dimensão que não tem", disse Nabil Bonduki.
Durante o dia, a administração chegou a acreditar que conseguiria aprovar o projeto. Vereadores até diziam que Zélia Lopes (PT), substituída por José Américo Dias depois de se declarar contrária à anistia, voltaria à Câmara Municipal já hoje. Mas, com o novo revés para o governo, Dias ficará até a aprovação, para só depois decidir quando retorna à Secretaria da Comunicação.


Próximo Texto: Urbanidade: Prêmio Minhocão
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.