São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

Não há como atender isso, diz ministro

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro José Gomes Temporão (Saúde) admite que, atualmente, o país não tem estrutura para oferecer mamografia a todas as mulheres a partir dos 40 anos, como determina a nova lei sancionada por Lula. Afirma ainda que a medida o pegou "meio no contrapé". A seguir, trechos da entrevista dada à Folha. (CC)

 

FOLHA - O Ministério da Saúde tem recursos para oferecer mamografia às mulheres acima de 40 anos?
JOSÉ GOMES TEMPORÃO -
Hoje, do jeito que estão distribuídos os equipamentos de mamografia pelo Brasil, o sistema não tem condições de atender a essa demanda. Para ampliar a oferta de mamografia nos Estados onde ela é mais baixa e para atender a demanda de mulheres mais jovens, vou precisar de recursos financeiros adicionais. Isso é um bom exemplo para onde vai o dinheiro novo que o ministério precisa. E não é só isso. A partir do diagnóstico, precisamos tratar e atender todas as mulheres que tiverem o tumor de mama.

FOLHA - Os médicos dizem que há gargalos em todas as etapas do atendimento...
TEMPORÃO -
O grande gargalo é a radioterapia. Parte importante dos cânceres de mama vão exigir tratamento cirúrgico, quimioterápico e, nos casos indicados, radioterápico. Há um estrangulamento no acesso à radioterapia que pode colocar em risco o sucesso desse diagnóstico precoce do câncer da mama. A nova lei coloca uma situação angustiante para os gestores. Ao mesmo tempo em que aperfeiçoa e amplia o acesso, que é um direito das mulheres, ela esbarra na falta de infra-estrutura e de recursos.

FOLHA - Então o país não terá condições de atender essas mulheres mais jovens?
TEMPORÃO -
Com recursos financeiros adequados, certamente terá. Eu solicitei ao Inca que a gente reveja o mais rápido possível o consenso [sobre câncer de mama], um pacto científico-político que garanta como será o padrão de atendimento no SUS para essas mulheres.

FOLHA - Não é mais lógico ter o consenso e depois aprovar a lei?
TEMPORÃO -
Essa lei me pegou meio no contrapé. Eu, em princípio, teria tendido a não ratificá-la. Mas houve uma compreensão do governo de que era um avanço, e o presidente Lula decidiu sancioná-la.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Ampliação do exame elevou índice de diagnósticos de câncer em outras cidades
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.