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FGV recusou negócio aceito por reitor da PUC
Fundação avaliou que escola seria usada na compra de Umberto Primo
Antigo hospital, na região da Paulista, é alvo de investidores que pretendem explorar comercialmente o local
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A Fundação Getulio Vargas recusou um negócio similar ao que o reitor da PUC-SP (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo) aceitou, para ocupar o prédio do
hospital Umberto Primo, por
considerar que a boa imagem
da escola estava sendo usada
pelo Previ, o fundo de pensão
do Banco do Brasil.
Nas negociações, o Previ,
dono do imóvel, apresentou
um pacote fechado: a FGV
alugaria a parte tombada pelo patrimônio histórico e a
empreiteira Camargo Corrêa
construiria uma torre num
pedaço do terreno, segundo
relato de professores que
participaram do processo.
A fundação quis interferir
no modelo de negócio da torre, mas a Previ recusou-se a
negociar, ainda segundo esses professores.
A participação da Camargo Corrêa era inegociável. A
operação contava ainda com
a participação de ex-executivos do Banco Garantia.
Professores da FGV recorreram ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que dá
aulas na escola, mas mesmo
assim a tentativa de acordo
não prosperou.
As negociações se encerraram em dezembro de 2007. O
Previ disse aos negociadores
da FGV que colocaria o prédio em leilão, o que não
aconteceu.
Pelo aluguel da parte tombada do imóvel, o Previ propôs que a FGV pagasse um
aluguel mensal de cerca de
R$ 2 milhões.
Seria o que os economistas
chamam de "leasing back",
tipo de operação em que o valor do aluguel se converte em
pagamento pelo imóvel.
Após 14 anos, a FGV se tornaria a proprietária da parte
tombada do imóvel.
A FGV tem grande interesse no prédio porque ele é praticamente vizinho de sua sede na rua Itapeva, na região
da avenida Paulista.
DESCONHECIDOS
A Folha revelou na última
quarta-feira que o reitor da
PUC, Dirceu de Mello, assinou um protocolo de intenções para alugar parte do
imóvel com um grupo completamente desconhecido,
chamado WWI (World Wide
Investments).
O WWI foi criado em outubro do ano passado, com um
capital de R$ 1 mil, mas estaria disposto a pagar R$ 120
milhões pelo imóvel ao Previ,
segundo documentos que estão em poder da Fundação
São Paulo, a mantenedora da
PUC. Os sócios do grupo são
desconhecidos e não se sabe
a origem dos recursos que seriam usados na compra do
prédio do fundo de pensão.
Por conta dessas incógnitas, a Fundação São Paulo
mandou que o reitor desfaça
o negócio. A visão da fundação é que a PUC pode ser usada numa negociata. O negócio está sob investigação da
curadoria de Fundações, do
Ministério Público.
O Previ comprou o imóvel
em 1996 por R$ 183 milhões,
em valores atualizados.
A Camargo Corrêa diz desconhecer essa negociação
com o Previ. O fundo de pensão afirma que não pode comentar operações protegidas
por sigilo comercial. A FGV
não quis se pronunciar.
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