São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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FGV recusou negócio aceito por reitor da PUC

Fundação avaliou que escola seria usada na compra de Umberto Primo

Antigo hospital, na região da Paulista, é alvo de investidores que pretendem explorar comercialmente o local

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A Fundação Getulio Vargas recusou um negócio similar ao que o reitor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) aceitou, para ocupar o prédio do hospital Umberto Primo, por considerar que a boa imagem da escola estava sendo usada pelo Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil.
Nas negociações, o Previ, dono do imóvel, apresentou um pacote fechado: a FGV alugaria a parte tombada pelo patrimônio histórico e a empreiteira Camargo Corrêa construiria uma torre num pedaço do terreno, segundo relato de professores que participaram do processo.
A fundação quis interferir no modelo de negócio da torre, mas a Previ recusou-se a negociar, ainda segundo esses professores.
A participação da Camargo Corrêa era inegociável. A operação contava ainda com a participação de ex-executivos do Banco Garantia.
Professores da FGV recorreram ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que dá aulas na escola, mas mesmo assim a tentativa de acordo não prosperou.
As negociações se encerraram em dezembro de 2007. O Previ disse aos negociadores da FGV que colocaria o prédio em leilão, o que não aconteceu.
Pelo aluguel da parte tombada do imóvel, o Previ propôs que a FGV pagasse um aluguel mensal de cerca de R$ 2 milhões.
Seria o que os economistas chamam de "leasing back", tipo de operação em que o valor do aluguel se converte em pagamento pelo imóvel.
Após 14 anos, a FGV se tornaria a proprietária da parte tombada do imóvel.
A FGV tem grande interesse no prédio porque ele é praticamente vizinho de sua sede na rua Itapeva, na região da avenida Paulista.

DESCONHECIDOS
A Folha revelou na última quarta-feira que o reitor da PUC, Dirceu de Mello, assinou um protocolo de intenções para alugar parte do imóvel com um grupo completamente desconhecido, chamado WWI (World Wide Investments).
O WWI foi criado em outubro do ano passado, com um capital de R$ 1 mil, mas estaria disposto a pagar R$ 120 milhões pelo imóvel ao Previ, segundo documentos que estão em poder da Fundação São Paulo, a mantenedora da PUC. Os sócios do grupo são desconhecidos e não se sabe a origem dos recursos que seriam usados na compra do prédio do fundo de pensão.
Por conta dessas incógnitas, a Fundação São Paulo mandou que o reitor desfaça o negócio. A visão da fundação é que a PUC pode ser usada numa negociata. O negócio está sob investigação da curadoria de Fundações, do Ministério Público.
O Previ comprou o imóvel em 1996 por R$ 183 milhões, em valores atualizados.
A Camargo Corrêa diz desconhecer essa negociação com o Previ. O fundo de pensão afirma que não pode comentar operações protegidas por sigilo comercial. A FGV não quis se pronunciar.


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