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Mulher anima festa para viver
da Reportagem Local
Maria Tereza era casada com um
executivo de banco, que ganhava
cerca de R$ 12 mil por mês. Após a
morte do marido, no vôo 402, ela
foi obrigada a mudar a sua vida.
Trocou São Paulo por Ribeirão
Preto, passou a trabalhar, animando festinhas infantis, e hoje vive
com menos de R$ 500 mensais.
Não é um caso único. "Há casos
desesperadores. Vejo algumas viúvas que tenho vontade de pegar no
colo", diz Sandra Assali.
Na verdade, não são apenas viúvas. A presidente da associação se
emociona ao contar a história do
casal de alemães cuja filha, analista
de sistemas, morreu no acidente.
O casal já havia perdido o outro
filho, num acidente automobilístico. O pai estava sob tratamento para conter um câncer de próstata,
custeado pela filha que morreu no
acidente da TAM. Hoje, eles vivem
com uma pensão de R$ 600.
"Estar juntas"
As fundadoras da associação relacionam, entre os objetivos principais da entidade, um que não
tem nada a ver com indenizações e
coisas do gênero: "Queremos estar juntas", diz Sandra Assali.
A entidade planeja organizar
eventos sociais, reunir as crianças,
motivar as viúvas. "Até fazer coisas corriqueiras, como entregar a
declaração de Imposto de Renda, é
difícil", diz Heloisa Gouveia.
"Pagar a passagem deles de volta, ninguém vai pagar. É irremediável. Uma vez que nenhuma de
nós conseguiu nada sozinha, resolvemos nos unir. Porque só nós
falamos essa língua", diz Heloisa.
Bons exemplos
A associação pretende pressionar algumas empresas a ajudarem
as viúvas do vôo 402 usando como
exemplo aquelas que estão agindo
de forma correta.
Sandra Assali cita o caso da multinacional alemã onde seu marido,
José Rahal Abu Assali, trabalhava,
a Boehringer de Angeli.
Ele tinha um seguro de vida adequado, equivalente a 72 salários, a
empresa adiantou seis meses de
salários três dias após o acidente,
deu à viúva o carro que ele usava e
ofereceu assistência em toda a burocracia do enterro.
"Se uma empresa pode fazer isso, todas deveriam poder. Queremos buscar tratamento igualitário", diz Sandra Assali.
O mesmo vale para as escolas.
Muitas, como Pueri Domus, Mackenzie e Dante Alighieri, deram
bolsas para filhos das vítimas. Outras, não.
(MSy)
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