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SAÚDE
Hospital universitário vai atender, de graça, 40 pacientes por mês; método é indicado quando o tumor é pequeno
Semente radioativa trata câncer de próstata
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
A Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo) vai começar a usar
uma nova técnica para tratar o
câncer na próstata. O hospital da
universidade será o primeiro da
rede pública de São Paulo a realizar esse tipo de terapia -prevista
para começar em 15 dias.
A braquiterapia, usada há cerca
de cinco anos nos EUA, é uma boa
alternativa à cirurgia tradicional
porque evita o pós-operatório (já
que não há necessidade de cortes)
e reduz a chance -de 50% para
30%- de o paciente se tornar impotente após o tratamento.
A técnica consiste na aplicação,
com agulhas, de "sementes" radioativas na próstata (veja quadro
nesta página). As sementes de iodo radioativo são deixadas na
próstata, destroem o tumor e depois se desativam. Após a aplicação das sementes, que dura cerca
de uma hora e meia, o paciente
pode voltar para casa e sente apenas uma pequena ardência -tratada com analgésicos.
"Essa técnica é muito simples.
Em dois dias, a pessoa pode voltar
a trabalhar. Na cirurgia normal,
pode demorar 30 dias", afirma o
professor-titular de urologia da
Unifesp e chefe da equipe que vai
realizar a terapia, Miguel Srougi.
A braquiterapia, no entanto, só é
indicada para 15% dos casos -em
tumores ainda pequenos. A partir
dessa fase, o melhor tratamento
continua sendo a cirurgia tradicional, que retira a próstata do paciente. Hoje, a cirurgia é usada em
cerca de 60% dos doentes.
A cirurgia também é o método
que mais cura. Consegue eliminar
o tumor em cerca de 85% dos casos. A eficácia da braquiterapia é
de 70%. Em terceiro lugar, está a
radioterapia, cuja porcentagem de
cura não ultrapassa os 60%.
Uma das principais preocupações do homem quando ultrapassa os 50 anos, o câncer da próstata
afeta 1 a cada 12 brasileiros e é a
terceira causa de morte da população masculina -perdendo apenas
para os cânceres no pulmão e no
estômago-, segundo o Instituto
Nacional do Câncer.
A Unifesp pretende realizar a terapia em cerca de 40 pacientes por
mês. Para conseguir destruir um
tumor, é necessário implantar cerca de 80 sementes na próstatas. O
tratamento custa cerca de US$
3.000 por paciente.
Para montar a unidade de braquiterapia e comprar as sementes
(R$ 40 cada uma), a Unifesp conseguiu um patrocínio de R$ 130
mil dos bancos Itaú e Real e fez um
acordo com uma equipe do Hospital Sírio Libanês.
O Sírio Libanês vai colaborar
com uma equipe de radiologistas
que vai realizar as cirurgias em
conjunto com um grupo da Unifesp. Na última terça-feira, o Sírio
Libanês implantou sementes no
primeiro paciente de São Paulo.
"Essa intervenção é importante
porque cria mais uma opção para
quem sofre de câncer na próstata e
porque coloca a universidade como pioneira em avanços tecnológicos com o apoio da iniciativa
privada", afirma Srougi.
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