São Paulo, quinta, 11 de junho de 1998

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Escola na floresta propõe uso do meio ambiente para alfabetizar

MARTA AVANCINI
enviada especial a Bailique (AP)

O meio ambiente é o eixo da proposta pedagógica de uma escola que funciona às margens do rio Amazonas no Amapá.
Localizada no arquipélago de Bailique, 150 quilômetros ao norte da capital do Estado, Macapá, a Escola Bosque de Bailique é a primeira unidade de um sistema de quatro unidades que pretende criar no Amapá um novo modelo de escola, totalmente atrelado ao modo de vida das populações locais.
O projeto, cuja primeira escola foi oficialmente inaugurada anteontem, resulta de uma parceria do governo do Estado do Amapá e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
"Desenvolvemos um método que usa a experiência de vida do aluno e da comunidade como base. Para falar de botânica, por exemplo, o método usa as plantas da região", diz Mariano Klautau, sociólogo e criador do projeto e da proposta pedagógica da Escola Bosque.
O chamado método sócio-ambiental consiste em uma "pedagogia construtiva", em que a relação entre aluno e professor ocorre de maneira horizontal (não hierarquizada) e em que o conhecimento é construído a partir da relação entre os dois.
No caso, como a escola está em plena floresta amazônica, o meio ambiente assume a posição de eixo do processo educativo.

Interação

"Entendemos o homem e a natureza como elementos complementares e que dialogam entre si", diz Klautau.
A proposta de interação com o meio ambiente e de vinculação com a comunidade abrange diversos aspectos da proposta da escola.
Da construção dos prédios -todos com materiais e tecnologias da própria região-, passando pelas decisões referentes à proposta pedagógica e ao gerenciamento da escola, até os profissionais que serão formados por ela, tudo é discutido e decidido pela comunidade.
No caso do módulo de Bailique, a coordenação da implantação da escola ficou nas mãos do Conselho Comunitário das Comunidades do Bailique.
"A decisão de ter a escola foi da comunidade. Administramos a obra, compramos o material e fizemos algumas adaptações à proposta pedagógica", diz Paulo Rocha, presidente do conselho das comunidades.
Com 460 vagas, a Escola Bosque do Bailique atende crianças e jovens da pré-escola ao 2º grau.
Estão matriculados 260 alunos em classes de pré-escola, 1ª série, 5ª série e 1ª série do 2º grau.
No caso do ensino médio, serão oferecidos cursos profissionalizantes, prioritariamente de atividades ligadas à economia da região (técnicos em pesca, ecoturismo e educação ambiental).
Um dos principais objetivos do projeto é fixar a população na região, criando meios para a subsistência dos moradores locais.
"Queremos que a escola se torne um pólo do desenvolvimento da região", diz o governador João Alberto Capiberibe (PSB).


A jornalista Marta Avancini viajou a convite do governo do Estado do Amapá e do Unicef



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