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EDUCAÇÃO
País não atinge objetivos de avanços no ensino assumidos em 1990
Brasil cumpre apenas duas metas básicas da década
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O Brasil não conseguirá cumprir
integralmente as metas fixadas pela Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien (Tailândia), em 1990. Apesar disso, é
um dos países em desenvolvimento que mais avançaram no setor.
Os 157 países que participaram
da conferência se comprometeram
a atingir metas como universalizar
a oferta de ensino básico em dez
anos e reduzir a taxa de analfabetismo em 2000 à metade dos índices registrados em 90.
Das seis metas básicas definidas
pela conferência, o Brasil só deverá
cumprir integralmente duas: universalizar o ensino primário e mobilizar a sociedade em prol da educação (veja quadro).
"A avaliação geral é positiva, mas
é claro que ainda há coisas por fazer. Atacamos o problema mais
importante, a ampliação do atendimento. Agora, temos de nos
preocupar em melhorar a qualidade do ensino", diz o ministro Paulo
Renato Souza (Educação).
Há duas metas que dificilmente
serão cumpridas: expandir os programas de capacitação profissional de jovens e adultos e ampliar os
cuidados básicos na infância e entre portadores de deficiências.
O atendimento a portadores de
deficiências também é insuficiente. Segundo estimativa do próprio
MEC, só 5% dos cerca de 6 milhões
de crianças e adolescentes deficientes receberam atendimento especializado em 97.
As outras duas metas -reduzir o
analfabetismo entre adultos em
50% com ênfase na alfabetização
de mulheres e melhorar a qualidade do ensino- foram parcialmente atingidas.
A taxa de analfabetismo caiu de
20% em 91 para 14,7% em 97 -último ano em que há dados disponíveis. Para atingir a meta, a taxa
deverá chegar a 10% em 2000, o
que dificilmente acontecerá.
Mas a desigualdade entre homens e mulheres praticamente desapareceu: em 97 a taxa de analfabetismo entre mulheres era de
14,8%, para 14,5% entre homens.
As taxas de repetência e evasão
-dois indicadores da qualidade- caíram significativamente
entre 90 e 97. Entretanto, 46,7%
dos alunos do ensino fundamental
ainda estão pelo menos dois anos
atrasados para a idade, um sinal de
que ainda há deficiências básicas
que precisam ser superadas.
Dos nove países em desenvolvimento mais populosos do mundo,
Brasil e México foram os que obtiveram melhor desempenho no
cumprimento das metas.
O México se destacou no combate ao analfabetismo, e o Brasil, na
ampliação da oferta de vagas no
ensino fundamental.
"Comparativamente, o Brasil
avançou muito mais do que outros
países com o mesmo perfil", afirma Jorge Werthein, representante
da Unesco no Brasil.
Segundo ele, as maiores conquistas na área de educação foram a expansão das matrículas e o poder de
mobilização da sociedade e do setor empresarial em torno da política educacional. "Não se conseguiu
algo semelhante em nenhum outro
país", diz Werthein.
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