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SEGURANÇA
Para corregedor, que investiga esquema de proteção a traficante acusado de matar jornalista, há indícios de corrupção
Policiais são suspeitos de ajudar Elias Maluco
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A Corregedoria de Polícia Unificada da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio está investigando reservadamente a suposta participação de policiais civis e
militares em um esquema de proteção ao traficante Elias Pereira da
Silva, 36, o Elias Maluco.
O corregedor Audinei Zacarias
Peixoto disse que, logo que surgiram as pistas que apontam o traficante como o assassino do jornalista Tim Lopes, recebeu denúncias de envolvimento de policiais
com o criminoso e começou a investigá-las. O jornalista foi morto
no dia 2 de junho na favela da
Grota, no complexo do Alemão
(zona norte), um dos principais
redutos de Elias Maluco.
"As investigações apontam indícios de corrupção", disse. Peixoto afirmou que um número
grande de policiais pode estar envolvido com o traficante, mas não
quis dizer quantos nem a quais
unidades pertencem, alegando
que isso atrapalharia a apuração.
O subsecretário de Inteligência
da Secretaria de Segurança, coronel Antônio Freire, informou que
também está investigando a cumplicidade de policiais com o criminoso. "Recebemos, por dia,
cerca de 60 denúncias contra Elias
Maluco e, entre elas, de que policiais estariam dando apoio a ele.
Estamos investigando", declarou.
As suspeitas de envolvimento
de policiais com Elias Maluco foram reforçadas pelas declarações
do secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, que, anteontem, admitiu a possibilidade de o
traficante estar sob proteção de
policiais corruptos.
Outro indício que reforça as investigações da corregedoria são
fitas gravadas pela Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado), com autorização judicial,
de conversas telefônicas em que
integrantes da quadrilha de Elias
Maluco que atuam na favela do
Jacarezinho (zona norte) combinam pagamento de propinas para
policiais com um sargento da PM.
De acordo com investigações da
DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil), Elias
Maluco está no Rio e anda circulando pelas favelas dominadas
pelo CV (Comando Vermelho),
facção da qual é o principal líder
em liberdade. Existe a suspeita de
que policiais possam estar facilitando esse deslocamento.
Segundo a chefe de investigações da DRE, inspetora Marina
Maggessi, a presença de Elias Maluco em favelas do CV tem feito o
movimento de venda de drogas
cair e fortaleceu os locais onde o
tráfico é controlado pela facção rival TC (Terceiro Comando).
Além do complexo do Alemão e
da Vila Cruzeiro, Elias Maluco
domina o tráfico nas favelas do Jacarezinho, Manguinhos, Vigário
Geral e na região da Tijuca, todas
na zona norte, no Pavão-Pavãozinho (zona sul), na Vila Kennedy
(zona oeste) e em comunidades
localizadas em Niterói e em São
Gonçalo (região metropolitana
do Rio). Segundo a polícia, ele segue as ordens do traficante Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, preso em Bangu 1.
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