São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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SAÚDE

Estudo da USP mapeia "hipertensão do avental branco"

16% dos pacientes só têm pressão arterial alta no consultório médico

RICARDO GALLO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Estudo da Escola da Enfermagem da USP de Ribeirão Preto constatou que 16% dos hipertensos de Dumont, na região de Ribeirão Preto, sofrem da chamada "hipertensão do avental branco". Isto é: apresentam sintomas apenas quando estão no consultório.
De acordo com a SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão), um a cada cinco brasileiros tem pressão arterial alta. A doença do avental branco acomete, em média, 20% dos hipertensos.
O projeto em Dumont começou há oito meses, com o cadastramento de todos os hipertensos da cidade. A pesquisa tem 420 participantes, dos quais 300 são hipertensos. Cerca de 50 integrantes, a maioria mulheres na faixa de 50 anos, apresentaram os sintomas da "hipertensão de consultório".
A comprovação foi feita por meio de um aparelho preso ao corpo do paciente por 24 horas e que, em intervalos programados, registra a pressão arterial. "Alguns pacientes apresentavam pressão alta apenas quando estavam no consultório", afirmou a enfermeira Leila Maria Marchi Alves, que desenvolve a pesquisa na unidade de saúde de Dumont. De acordo com Alves, o portador da hipertensão do avental branco não está livre de riscos.
Embora limitados ao consultório médico, os picos eventuais de pressão arterial podem causar danos aos hipertensos. Entre os riscos estão a propensão a, por exemplo, problemas cardíacos e lesões nos rins.
A pressão arterial é normal quando registra 135/85mm de mercúrio, ou, como é popularmente conhecida, 13 por 8. Níveis muito superiores a esse parâmetro indicam pressão alta.
Essa condição exige acompanhamento, mas sem uso de medicamentos. O hipertenso ocasional tem mal-estar e passa mal se submetido a tratamento com remédios. "Se você der remédio, a pressão pode cair e isso não é bom. Se não fizer nada, por outro lado, corre o risco de o paciente apresentar problemas."
A causa da doença pode ser psicológica, segundo Alves. O estudo, no entanto, se concentra em estudar as razões fisiológicas (provocadas pelo organismo). A suspeita da pesquisadora é a de que uma alteração no nível de óxido nítrico -gás vasodilatador produzido pelo organismo quando há mudança na pressão arterial- ocasione a hipertensão do avental branco. Porém, ainda não há conclusão definitiva.

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