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SAÚDE
Estudo da USP mapeia "hipertensão do avental branco"
16% dos pacientes só têm pressão arterial alta no consultório médico
RICARDO GALLO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Estudo da Escola da Enfermagem da USP de Ribeirão Preto
constatou que 16% dos hipertensos de Dumont, na região de Ribeirão Preto, sofrem da chamada
"hipertensão do avental branco".
Isto é: apresentam sintomas apenas quando estão no consultório.
De acordo com a SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão), um
a cada cinco brasileiros tem pressão arterial alta. A doença do
avental branco acomete, em média, 20% dos hipertensos.
O projeto em Dumont começou
há oito meses, com o cadastramento de todos os hipertensos da
cidade. A pesquisa tem 420 participantes, dos quais 300 são hipertensos. Cerca de 50 integrantes, a
maioria mulheres na faixa de 50
anos, apresentaram os sintomas
da "hipertensão de consultório".
A comprovação foi feita por
meio de um aparelho preso ao
corpo do paciente por 24 horas e
que, em intervalos programados,
registra a pressão arterial. "Alguns pacientes apresentavam
pressão alta apenas quando estavam no consultório", afirmou a
enfermeira Leila Maria Marchi
Alves, que desenvolve a pesquisa
na unidade de saúde de Dumont.
De acordo com Alves, o portador
da hipertensão do avental branco
não está livre de riscos.
Embora limitados ao consultório médico, os picos eventuais de
pressão arterial podem causar danos aos hipertensos. Entre os riscos estão a propensão a, por
exemplo, problemas cardíacos e
lesões nos rins.
A pressão arterial é normal
quando registra 135/85mm de
mercúrio, ou, como é popularmente conhecida, 13 por 8. Níveis
muito superiores a esse parâmetro indicam pressão alta.
Essa condição exige acompanhamento, mas sem uso de medicamentos. O hipertenso ocasional
tem mal-estar e passa mal se submetido a tratamento com remédios. "Se você der remédio, a pressão pode cair e isso não é bom. Se
não fizer nada, por outro lado,
corre o risco de o paciente apresentar problemas."
A causa da doença pode ser psicológica, segundo Alves. O estudo, no entanto, se concentra em
estudar as razões fisiológicas
(provocadas pelo organismo). A
suspeita da pesquisadora é a de
que uma alteração no nível de óxido nítrico -gás vasodilatador
produzido pelo organismo quando há mudança na pressão arterial- ocasione a hipertensão do
avental branco. Porém, ainda não
há conclusão definitiva.
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