São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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EVENTO FOLHA

Prova evitaria atuação de profissional com formação deficiente, mas poderia levar à acomodação, dizem dirigentes

Exame de ordem divide opiniões acadêmicas

DA REPORTAGEM LOCAL

É positiva a aplicação de exames que verificam o aprendizado do universitário formado, como faz a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)? A questão dividiu dirigentes de ensino em debate promovido pela Folha.
Três dos debatedores defenderam a aplicação da prova. O secretário da Educação de São Paulo, José Aristodemo Pinotti, o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, e o diretor da Faculdade de Direito da PUC-SP, Dirceu de Mello, disseram que a sociedade não pode ser prejudicada pela atuação de profissionais com má formação acadêmica.
O diretor da Faculdade de Medicina da USP, Giovanni Guido Cerri, foi a voz distoante na discussão. Para ele, o exame pode levar a uma acomodação, o que evita as mudanças necessárias para melhorar o ensino superior. Além disso, segundo Cerri, a reprovação prejudica o aluno que não sabe da qualidade da faculdade quando resolve entrar na escola.
Houve consenso entre os especialistas de que o maior problema do ensino superior é o grande número de novas faculdades que, em boa parte, não têm qualidade. Eles culparam o Ministério da Educação (MEC) pelo fato.
Durante o debate, o presidente da OAB-SP disse que, atualmente, não passaria no exame de ordem. D'Urso afirmou que isso é normal, uma vez que a prova verifica o aprendizado em diversas áreas do direito e ele se especializou em uma, a penal. Segundo D'Urso, a prova exige conhecimentos mínimos para o estudante entrar no mercado de trabalho.
Já o secretário municipal de Educação de São Paulo afirmou que tentou resolver o vestibular que sua filha fez. Se fosse candidato, contou, teria sido reprovado. Pinotti, na época, era professor titular de medicina na Unicamp.
O debate foi feito no momento em que áreas como medicina e engenharia podem se espelhar no direito para começar a aplicar o exame de ordem.
A prova da OAB, a mais tradicional do país, vem tendo alto nível de reprovação -no Estado de São Paulo, por exemplo, ficou em 92,84% no último teste deste ano com resultado divulgado. Os bacharéis em direito só podem exercer a advocacia se conseguirem a aprovação no teste.

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