|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Laudo desmente versão de PMs, diz delegado
Perícia concluiu que disparos que atingiram o menino João Roberto foram feitos de trás do veículo, onde estavam os policiais
Segundo o delegado que investiga o caso, conclusão "corrobora a tese de que não houve troca de tiro';
acusados continuam presos
Rafael Andrade/Folha Imagem
|
|
Familiares e amigos dos pais do menino João Roberto protestam ontem em frente ao Tribunal Regional Federal, no centro do Rio
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O laudo da perícia feita no
carro de Alessandra Amorim
Soares, mãe do menino João
Roberto Amorim Soares, 3, indica que todos os tiros que atingiram o Palio Weekend foram
disparados de trás do veículo,
onde estavam os PMs acusados
pela morte do garoto.
Segundo o documento produzido pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli e enviado
à 19ª Delegacia de Polícia (Tijuca), o carro de Alessandra foi
atingido por 17 disparos, todos
na parte traseira e na parte de
trás da lateral esquerda.
Fragmentos de três projéteis
atingiram ainda o vidro dianteiro, sendo que um o perfurou,
de acordo com o documento. O
laudo descarta a possibilidade
de que os buracos no vidro
dianteiro tenham sido feitos de
fora para dentro do Palio.
"O laudo mostra que o que
causou os danos no vidro dianteiro foram fragmentos dos
projéteis disparados dos fundos. Não houve troca de tiros.
Isto já está definido", afirmou o
delegado Walter Alves de Oliveira. Os peritos não determinaram o calibre das balas que
atingiram o carro.
Ele aguarda ainda o exame
cadavérico feito pelo Instituto
Médico Legal no corpo do menino, o exame de corpo delito
de Alessandra e a perícia dos
objetos arrecadados no local.
De acordo com o delegado,
não foi encontrado nenhum
projétil no corpo do menino, o
que inviabiliza identificar de
qual arma saiu a bala que atingiu sua nuca. Segundo Oliveira,
os policiais podem responder
também por lesão corporal, dependendo do resultado do exame feito na mãe do menino.
O cabo William de Paula e o
soldado Elias Gonçalves da
Costa Neto, lotados no 6º Batalhão da PM (Tijuca), afirmaram
em dois depoimentos que houve uma troca de tiros com bandidos que eles perseguiam. O
carro de Alessandra estava no
meio do fogo cruzado, segundo
o relato dos PMs à polícia.
Eles permanecem em presos
no Batalhão Especial Prisional,
em Benfica (zona norte). Eles
ainda não tinham advogados
constituídos, de acordo com
Oliveira, e pretendem agora só
se manifestar em juízo.
O instituto de criminalística
também fez a perícia do Fiat
Stilo roubado a que os policiais
perseguiam -ele foi recuperado no dia seguinte no morro da
Cruz, próximo ao local do crime. Segundo os peritos, apenas
um projétil atingiu o veículo.
"Associado ao vídeo [que
mostra os policiais atirando
contra o carro em que estava
João Roberto] o laudo corrobora a tese de que não houve troca
de tiro", disse o delegado.
O vídeo mostra os policiais
saindo do carro e, da calçada,
cada um atrás de um poste, atirando contra o carro de Alessandra. Ela jogou a bolsa do bebê para mostrar aos policiais
que havia criança no veículo,
antes de desembarcar e gritar
para os policiais.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Governo: Secretário diz que polícia não pode virar "Geni" Índice
|