São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2008

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Laudo desmente versão de PMs, diz delegado

Perícia concluiu que disparos que atingiram o menino João Roberto foram feitos de trás do veículo, onde estavam os policiais

Segundo o delegado que investiga o caso, conclusão "corrobora a tese de que não houve troca de tiro'; acusados continuam presos


Rafael Andrade/Folha Imagem
Familiares e amigos dos pais do menino João Roberto protestam ontem em frente ao Tribunal Regional Federal, no centro do Rio

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O laudo da perícia feita no carro de Alessandra Amorim Soares, mãe do menino João Roberto Amorim Soares, 3, indica que todos os tiros que atingiram o Palio Weekend foram disparados de trás do veículo, onde estavam os PMs acusados pela morte do garoto.
Segundo o documento produzido pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli e enviado à 19ª Delegacia de Polícia (Tijuca), o carro de Alessandra foi atingido por 17 disparos, todos na parte traseira e na parte de trás da lateral esquerda.
Fragmentos de três projéteis atingiram ainda o vidro dianteiro, sendo que um o perfurou, de acordo com o documento. O laudo descarta a possibilidade de que os buracos no vidro dianteiro tenham sido feitos de fora para dentro do Palio.
"O laudo mostra que o que causou os danos no vidro dianteiro foram fragmentos dos projéteis disparados dos fundos. Não houve troca de tiros. Isto já está definido", afirmou o delegado Walter Alves de Oliveira. Os peritos não determinaram o calibre das balas que atingiram o carro.
Ele aguarda ainda o exame cadavérico feito pelo Instituto Médico Legal no corpo do menino, o exame de corpo delito de Alessandra e a perícia dos objetos arrecadados no local.
De acordo com o delegado, não foi encontrado nenhum projétil no corpo do menino, o que inviabiliza identificar de qual arma saiu a bala que atingiu sua nuca. Segundo Oliveira, os policiais podem responder também por lesão corporal, dependendo do resultado do exame feito na mãe do menino.
O cabo William de Paula e o soldado Elias Gonçalves da Costa Neto, lotados no 6º Batalhão da PM (Tijuca), afirmaram em dois depoimentos que houve uma troca de tiros com bandidos que eles perseguiam. O carro de Alessandra estava no meio do fogo cruzado, segundo o relato dos PMs à polícia.
Eles permanecem em presos no Batalhão Especial Prisional, em Benfica (zona norte). Eles ainda não tinham advogados constituídos, de acordo com Oliveira, e pretendem agora só se manifestar em juízo.
O instituto de criminalística também fez a perícia do Fiat Stilo roubado a que os policiais perseguiam -ele foi recuperado no dia seguinte no morro da Cruz, próximo ao local do crime. Segundo os peritos, apenas um projétil atingiu o veículo.
"Associado ao vídeo [que mostra os policiais atirando contra o carro em que estava João Roberto] o laudo corrobora a tese de que não houve troca de tiro", disse o delegado.
O vídeo mostra os policiais saindo do carro e, da calçada, cada um atrás de um poste, atirando contra o carro de Alessandra. Ela jogou a bolsa do bebê para mostrar aos policiais que havia criança no veículo, antes de desembarcar e gritar para os policiais.


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