São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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GPS com mapa no carro já está legalizado

Resolução do Contran formalizou o uso de navegador com guia de ruas

Nova regra liberou a exibição mesmo que os motoristas estejam dirigindo, atendendo a lobby de montadoras e do comércio

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A utilização nos veículos de navegadores GPS que exibem mapas para orientar os motoristas enquanto dirigem -como um guia eletrônico de ruas- foi legalizada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), revertendo um dos principais obstáculos para a expansão do aparelho no país.
A liberação foi formalizada pela resolução 242, a partir do dia 4 de julho, depois do lobby de montadoras, que planejam a difusão inclusive com veículos que saem de fábrica já com a tecnologia, e do comércio automotivo, que já vinha vendendo os equipamentos antes mesmo de sua legalização e está eufórico com as vendas desse tipo de acessório neste Dia dos Pais.
Os defensores da medida avaliam que os GPSs com mapa criam uma facilidade aos condutores para a sua localização nas vias públicas, uma modernização que existe há anos em diversos lugares do mundo.
Os críticos temem por ser mais um instrumento de distração dos motoristas -e, portanto, de ameaça à segurança viária. Outros consideram que a tecnologia tem falhas (como a queda de sinal em lugares fechados, como túneis, e a falta de precisão de alguns modelos) e que merece ser aperfeiçoada.
O navegador GPS (sistema de posicionamento global, baseado em satélites) permite ao motorista, enquanto dirige, receber a indicação detalhada de determinado endereço nos municípios cadastrados. A área de abrangência depende de cada modelo, assim como diversas funções alternativas e os preços, que beiram R$ 2.000.
A resolução 190 do Contran, que valia até semanas atrás, era de fevereiro de 2006 e vetava a exibição de mapas pelos GPSs quando os veículos estivessem em movimento, permitindo somente setas e sinais sonoros.
A nova regra liberou a exibição também dos mapas, mesmo que os motoristas estejam dirigindo, e os aparelhos podem ser fixados no painel dianteiro ou no pára-brisa, podendo até sair de fábrica equipado.
Ficou mantida, porém, a restrição de exibição de imagens de entretenimento (como filmes ou jogos) na parte da frente quando os veículos estiverem em movimento. Ou seja, os DVDs automotivos só podem funcionar voltados aos passageiros do banco traseiro. Se fixados no painel dianteiro, precisam ter um mecanismo para deixá-lo inoperante assim que é dada a partida no motor.
A avaliação do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) quando vetava a exibição de mapa nos GPSs era que ele poderia distrair os condutores.
Orlando Moreira da Silva, coordenador de infra-estrutura do órgão, diz que houve uma mudança de avaliação após discussões com técnicos e fabricantes "que vieram até nós".
"É um instrumento usado no mundo inteiro. É melhor desviar a atenção rapidamente para olhar um mapa do que ficar procurando uma rua perdido no trânsito", afirma.
O consultor em trânsito Horário Augusto Figueira tem uma opinião diferente. "Sou contra. O motorista teria que ser obrigado a parar. É um instrumento de distração, ele vai ficar mais preocupado em olhar no mapa do que em dar seta."
A Delphi, que lançou seu modelo de navegador GPS no país em 2006, diz que 3,5 milhões de unidades de todas as marcas saíram de fábrica em um ano no Japão e 1,9 milhão na Europa.
Ela diz que já vendeu mais de 7.000 no Brasil e que vai ultrapassar 10 mil neste semestre.
A Quatro Rodas diz que as vendas de seu modelo no Dia dos Pais já superaram em mais de 25% a previsão. Afirma que vendeu 12 mil em um ano e serão mais 10 mil até dezembro.
Enquanto não havia a liberação pelo Contran dos mapas com os carros em movimento, as empresas vendiam os GPSs alegando serem portáteis. Mesmo assim, havia resistência dos usuários porque a orientação do conselho e da polícia paulista era para multar em R$ 127,69 os infratores -ainda que a fiscalização fosse deficiente.


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