São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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CASO SCHERING
Suposta vítima da Microvlar inócua, professora deu à luz duas meninas em Volta Redonda, Estado do Rio
Nascem 'primogênitas' da pílula falsa

Bel Pedrosa/Folha Imagem
A professora Paloma Trepin, 35, vítima da pílula de farinha, com as gêmeas, em Volta Redonda


RONI LIMA
enviado especial a Volta Redonda

Suposta vítima da pílula de farinha, a professora de Volta Redonda (a 120 km do Rio) Paloma Ribeiro Trepin, 35, deu à luz duas meninas anteontem.
Ela seria a primeira vítima do anticoncepcional Microvlar -do laboratório Schering do Brasil (não confundir com a Schering-Plough)- a ter filhos.
A empresa em São Paulo, filial da Schering alemã, chegou a produzir duas toneladas de pílulas de farinha para serem usadas em teste de nova máquina de embalagem, mas parte delas chegou ao mercado após suposto roubo.
Casada pela segunda vez e já com um casal de filhos, ela disse que ficou desesperada quando descobriu em março que estava grávida e de gêmeos. As crianças Emily e Evelyn nasceram prematuras de oito meses, mas passam bem.

Justiça
A professora entrou na Justiça contra a Schering, pedindo indenização por danos morais e materiais de R$ 4 milhões. No mês passado, o advogado Jorge Béja conseguiu acordo preliminar em que a Schering se comprometeu a pagar um seguro-saúde para Paloma e as filhas por um ano.
Embora não tenham sido apreendidas pílulas de farinha em Volta Redonda, Paloma sustenta que toma Microvlar há 12 anos e que comprou a cartela com os placebos em farmácia da cidade. Ela não guardou a cartela.
Segundo ela, em março começou a passar mal, sentindo tonteiras e enjôo. Ao ir ao médico, tomou um susto ao saber que estava grávida. "Fiquei quase um mês em depressão."
Paloma reclamou que teve uma gravidez problemática, pois ficou anêmica, chegando a passar por duas transfusões de sangue. Também teve problemas na artéria uterina, precisando passar o último mês hospitalizada.
Anteontem, ao passar mal, foi submetida a uma cesariana de emergência na Casa de Saúde São José, no bairro Retiro.
A professora, que aproveitou a cesariana para ligar as trompas, disse também que continua acreditando na eficácia das pílulas da Schering. "É um medicamento bom e confiável. Se tivesse que tomá-las de novo, tomaria."



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