São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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CASO SCHERING
Para laboratório, derrame de placebos se concentra em Mauá (SP) e não há provas em outros Estados
Empresa contesta caso, mas paga parto

da Reportagem Local

O laboratório Schering do Brasil, que está fornecendo convênio médico para Paloma Ribeiro Trepin por determinação judicial, afirma que levanta algumas suspeitas sobre a possibilidade de a professora ser de fato uma das vítimas das pílulas de farinha.
Segundo Cid Scartezzini Filho, um dos advogados da Schering, a empresa levanta algumas suspeitas no caso da professora do Rio. O maior derrame das pílulas falsas se concentrou na região de Mauá (Grande São Paulo).
Até o momento, apesar de haver ações na Justiça de Minas Gerais, Distrito Federal e Rio de Janeiro, em nenhum desses Estados foram encontradas cartelas de pílulas com o número de lote usado nos testes da nova máquina.
Além disso, os testes começaram por volta do dia 15 de janeiro em São Paulo. A possibilidade de o derrame ter sido feito rapidamente em outro Estado é pequena, segundo a Schering.
O presidente da Schering no Brasil, Rainer Bitzer, afirmou à Folha que acredita que o número de pílulas desviadas seja pequeno e que se restringe à região de Mauá.
Segundo Scartezzini Filho, apesar de haver essas suspeitas, a empresa decidiu não entrar com recurso para suspender a decisão da Justiça.
Em outro caso, também no Rio, a Schering alega que entrou com recurso e evitou o pagamento de uma cirurgia requerido por uma grávida que chegou a perder o bebê. Segundo a empresa, a grávida estaria em com a gestação muito adiantada para ser uma das vítimas do placebo, já que ele começou a ser produzido em janeiro.

Despesa em dobro
Mesmo sem ter a cartela, a professora Paloma resolveu ir à Justiça. Paloma afirmou não ter desconfiado da eficácia as pílulas até serem divulgadas pela imprensa informações sobre o caso das pílulas de farinha, momento em que ela decidiu mover a ação.
Em 24 de agosto, em audiência de conciliação, o juiz da 42ª Vara Cível do Rio de Janeiro, Luis Carlos Neves Veloso, determinou que a Schering do Brasil contratasse um plano de saúde para dar assistência à mãe e às filhas.
Agora, Paloma aguarda o final da ação, quando espera receber R$ 4 milhões. A Justiça ainda não deu sentença sobre pedidos de indenizações (leia texto abaixo). A professora alega que está pedindo indenização porque "deve ser uma barra" criar gêmeos, pois as despesas passam a ser em dobro.
Ela afirmou que, ao saber da gravidez, sentiu muita raiva. Apesar disso, ela não defende o fechamento do laboratório. "Os funcionários não poderiam pagar pelo erro de alguém."
(CARLA CONTE e RL)



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