São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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Funerárias disputam dinheiro do seguro

do enviado especial a Anápolis

A notícia de que cada vítima fatal do acidente com romeiros tem direito a receber R$ 5.108 do seguro por acidentes de trânsito está se tornando um problema para os familiares e mobilizando alguns advogados e funerárias da cidade.
Desde quarta-feira, um dia após o acidente, estão surgindo denúncias veladas de que advogados e prepostos deles e de funerárias estão assediando os parentes das vítimas para que assinem procurações, com o intuito de transferir para eles a liberação do pagamento do prêmio do seguro.
Até ontem à tarde, apesar das tentativas dos padres da paróquia Nossa Senhora Aparecida, não havia sido feito nenhum flagrante desse assédio. O único caso constado foi o de uma paciente que assinou uma procuração para que um hospital intermediasse o seguro para atendimento médico-hospitalar, prática considerada "regular" pelo Ministério da Saúde.
De acordo com as denúncias, há a promessa do pagamento imediato de R$ 1.000 para os familiares sob argumentação de que é necessária a intermediação de um advogado para liberar o dinheiro do seguro. A diferença também seria usada para pagar o custo com o traslado dos corpos.
Houve até mesmo informações, não confirmadas, de que representantes desses advogados e funerárias estariam procurando parentes na porta do Instituto Médico Legal da Universidade Estadual de Campinas, onde está sendo feito o trabalho de reconhecimento dos corpos, para que eles assinem essas procurações.
O frei Ruy José, um dos párocos, tem usado as missas para alertar sobre os prejuízos que os familiares dos mortos sofrerão caso assinem essas procurações. O coordenador-geral do Ministério Público em Anápolis, Marcelo Henrique dos Santos, foi ontem às emissoras de rádio e de TV para pedir que as pessoas não assinem nada.
A Procuradoria Jurídica da prefeitura está montando com o Ministério Público uma assessoria jurídica para atender os acidentados e familiares deles. Isso porque, se as famílias quiserem, poderão acionar judicialmente a Centro-Oeste Turismo (empresa dona dos ônibus acidentados), cobrando indenização por perdas e danos físicos e morais.



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