São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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FERIADO TRÁGICO
Maria Cândida de Oliveira apresentava queimaduras em 95% do corpo; mais 9 vítimas foram identificadas
Morre 54ª vítima do acidente com romeiros

enviado especial a Anápolis (GO)

Subiu para 54 o número de mortos no acidente ocorrido na madrugada de terça-feira no km 179 da rodovia Anhanguera, em Araras (170 km de São Paulo).
A dona-de-casa Maria Cândida de Oliveira, 49, morreu ontem às 13h30 no Hospital de Queimaduras de Anápolis (GO).
A romeira estava internada em estado grave desde a tarde de terça, com 95% do corpo queimado.
Segundo o médico Sebastião Célio Rodrigues da Cunha, 52, diretor-presidente do hospital, Maria Cândida havia sido transferida de Leme para Anápolis de avião.
Ela estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital para queimados.
Cunha disse que Maria Cândida teve queimaduras de terceiro grau em 95% da área corporal e uma pneumopatia (doença pulmonar) por ter aspirado muita fumaça, além de ferimentos graves na traquéia, nos brônquios e nos bronquíolos. Nas últimas horas de vida, a romeira também apresentava o quadro de dispnéia (dificuldade de respiração). Segundo os médicos, Maria Cândida era hipertensa.
Durante o tratamento foi realizada escaratomia (cirurgia com a finalidade de descomprimir o aparelho circulatório e os pulmões).
Até o início da noite de ontem, o IML (Instituto Médico Legal) da cidade não havia concluído o laudo cadavérico da dona-de-casa.
O sepultamento de Maria Cândida está previsto para as 10h de hoje, no cemitério Parque, numa cova fornecida gratuitamente pela prefeitura. O velório aconteceria durante toda a noite de ontem no salão paroquial da igreja São Pedro e São Paulo, no bairro Maracanã, onde ela morava. A família evitou a imprensa.
Maria Cândida viajou para a romaria em Aparecida do Norte na companhia da irmã Maura de Fátima da Silveira e da neta Ana Karoline de Oliveira, 6. A irmã conseguiu se salvar com ferimentos leves, mas a menina -que dormia no chão do ônibus no momento do acidente- está entre os mortos ainda não identificados.
Os legistas do IML (Instituto Médico Legal) de Campinas identificaram ontem mais nove vítimas que morreram carbonizadas no acidente. No total, já foram identificadas 15 das 53 corpos encontrados no local do acidente.
Segundo o médico-legista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Fortunato Badan Palhares, os próximos reconhecimentos serão mais difíceis pelo estado de conservação dos corpos.
"Identificamos aqueles que estavam visualmente fáceis. Agora os trabalhos precisam de mais investigação", disse. Ele afirmou que será necessário o exame de DNA (código genético) para o reconhecimento de algumas vítimas.
Entre as pessoas identificadas ontem estão as crianças Pedro Henrique Pinto Alves, 1, Karoline Costa Silva, 6, Layane Fontes Ribeiro, 6, Kelvin Ray Moreira da Silva, 6, Rogério Lopes, 9, e Raul Parreira Lopes Júnior, 14.
Foram reconhecidos ainda Milva Clementino Pereira, 51, e o motorista de um dos ônibus, José Eustáquio da Costa, 50, e o motorista do caminhão-tanque, José Carlos Saraiva, 33.
As identificações foram feitas por meio de objetos pessoais, estatura e detalhes pessoais, como próteses dentárias, por exemplo.
O proprietário do caminhão-tanque, Osmar Garnica, de Bebedouro (SP), foi a Campinas ontem para ajudar no reconhecimento de Saraiva. Segundo ele, Saraiva provavelmente teria sido atropelado por um carro do Corpo de Bombeiros. Garnica teria reconhecido o corpo do motorista por causa da marca do pneu. (LILIAN CHRISTOFOLETTI, MARCELO BARTOLOMEI e WILLIAM FRANÇA)


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