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FERIADO TRÁGICO
Maria Cândida de Oliveira apresentava queimaduras em 95% do corpo; mais 9 vítimas foram identificadas
Morre 54ª vítima do acidente com romeiros
enviado especial a Anápolis (GO)
Subiu para 54 o número de mortos no acidente ocorrido na madrugada de terça-feira no km 179
da rodovia Anhanguera, em Araras (170 km de São Paulo).
A dona-de-casa Maria Cândida
de Oliveira, 49, morreu ontem às
13h30 no Hospital de Queimaduras de Anápolis (GO).
A romeira estava internada em
estado grave desde a tarde de terça,
com 95% do corpo queimado.
Segundo o médico Sebastião Célio Rodrigues da Cunha, 52, diretor-presidente do hospital, Maria
Cândida havia sido transferida de
Leme para Anápolis de avião.
Ela estava internada na UTI
(Unidade de Terapia Intensiva) do
hospital para queimados.
Cunha disse que Maria Cândida
teve queimaduras de terceiro grau
em 95% da área corporal e uma
pneumopatia (doença pulmonar)
por ter aspirado muita fumaça,
além de ferimentos graves na traquéia, nos brônquios e nos bronquíolos. Nas últimas horas de vida,
a romeira também apresentava o
quadro de dispnéia (dificuldade de
respiração). Segundo os médicos,
Maria Cândida era hipertensa.
Durante o tratamento foi realizada escaratomia (cirurgia com a finalidade de descomprimir o aparelho circulatório e os pulmões).
Até o início da noite de ontem, o
IML (Instituto Médico Legal) da
cidade não havia concluído o laudo cadavérico da dona-de-casa.
O sepultamento de Maria Cândida está previsto para as 10h de hoje, no cemitério Parque, numa cova fornecida gratuitamente pela
prefeitura. O velório aconteceria
durante toda a noite de ontem no
salão paroquial da igreja São Pedro
e São Paulo, no bairro Maracanã,
onde ela morava. A família evitou
a imprensa.
Maria Cândida viajou para a romaria em Aparecida do Norte na
companhia da irmã Maura de Fátima da Silveira e da neta Ana Karoline de Oliveira, 6. A irmã conseguiu se salvar com ferimentos leves, mas a menina -que dormia
no chão do ônibus no momento
do acidente- está entre os mortos
ainda não identificados.
Os legistas do IML (Instituto Médico Legal) de Campinas identificaram ontem mais nove vítimas
que morreram carbonizadas no
acidente. No total, já foram identificadas 15 das 53 corpos encontrados no local do acidente.
Segundo o médico-legista da
Unicamp (Universidade Estadual
de Campinas), Fortunato Badan
Palhares, os próximos reconhecimentos serão mais difíceis pelo estado de conservação dos corpos.
"Identificamos aqueles que estavam visualmente fáceis. Agora
os trabalhos precisam de mais investigação", disse. Ele afirmou
que será necessário o exame de
DNA (código genético) para o reconhecimento de algumas vítimas.
Entre as pessoas identificadas
ontem estão as crianças Pedro
Henrique Pinto Alves, 1, Karoline
Costa Silva, 6, Layane Fontes Ribeiro, 6, Kelvin Ray Moreira da
Silva, 6, Rogério Lopes, 9, e Raul
Parreira Lopes Júnior, 14.
Foram reconhecidos ainda Milva
Clementino Pereira, 51, e o motorista de um dos ônibus, José Eustáquio da Costa, 50, e o motorista do
caminhão-tanque, José Carlos Saraiva, 33.
As identificações foram feitas
por meio de objetos pessoais, estatura e detalhes pessoais, como
próteses dentárias, por exemplo.
O proprietário do caminhão-tanque, Osmar Garnica, de
Bebedouro (SP), foi a Campinas
ontem para ajudar no reconhecimento de Saraiva. Segundo ele, Saraiva provavelmente teria sido
atropelado por um carro do Corpo
de Bombeiros. Garnica teria reconhecido o corpo do motorista por
causa da marca do pneu.
(LILIAN
CHRISTOFOLETTI, MARCELO BARTOLOMEI e WILLIAM FRANÇA)
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