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POLÍCIA
Família diz que presenciou pulsação e respiração e acusa médicos de recusar atendimento no cemitério
Morto se movimenta durante velório
da Reportagem Local
A família do pintor Joaquim
Gilberto da Silva, 61, suspeita que
ele possa ter morrido quando já
estava sendo velado por cerca de
cinco horas no cemitério da Vila
Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo.
A suspeita surgiu após Silva ter,
segundo a família, aberto os olhos
e apresentado sinais de pulsação e
de respiração. Tudo teria acontecido na madrugada de ontem,
quando Silva já estava no caixão e
sendo velado pela família.
Segundo o atestado de óbito, assinado pelo médico Oscar Teixeira Hellwig, Silva morreu anteontem às 16h por insuficiência respiratória. Ele tinha, ainda segundo o
atestado de óbito, câncer no estômago e havia sido internado na
quarta-feira no Complexo Hospitalar do Mandaqui.
Um novo atestado de óbito feito
ontem pelo IML (Instituto Médico Legal) confirmou a causa da
morte. A pedido da polícia, o instituto elaborará um laudo para revelar o horário provável da morte
de Silva. O objetivo é tentar esclarecer se há fundamento na suspeita da família.
"Nós estávamos colocando flores no caixão e o meu tio abriu os
olhos. Começamos a passar a
mão nele e percebemos que não
havia enrijecimento cadavérico.
Fomos correndo para o hospital
para chamar um médico", disse
ontem a professora Sheila de Andrade Leonardo, sobrinha de Silva.
"Não sei até onde vão meu sentimento e minha razão. Mas a minha intuição diz que ele estava vivo", afirmou a professora.
Sheila disse que a pulsação e a
respiração de Silva foram presenciadas por parentes e pessoas que
acompanhavam o velório, após
ela ter ido ao Complexo Hospitalar do Mandaqui para pedir ajuda
a um médico.
No hospital, médicos teriam se
recusado a acompanhá-la até o
velório argumentando certeza sobre a morte de Silva. Depois disso,
Sheila procurou a polícia e Silva
acabou sendo levado para o Hospital da Vila Nova Cachoeirinha.
Lá, médicos também atestaram a
morte do pintor.
Do hospital, Silva foi levado novamente para o velório, que acabou sendo interrompido novamente. Dessa vez, o corpo de Silva
foi levado para o IML devido ao
pedido da família para que a horário da morte dele fosse descoberto. O corpo do pintor não tinha sido liberado até ontem à noite. Ele seria enterrado hoje no Cemitério de Vila Cachoeirinha.
A Folha procurou ontem o médico Oscar Teixeira Hellwig em
sua casa. Ele não respondeu ao recado deixado pela reportagem.
No Complexo Hospitalar do
Mandaqui, uma funcionária informou que a direção não se manifestaria sobre o assunto.
(JCS)
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