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ES investiga morte em porta de hospital
KAMILA FERNANDES
da Agência Folha
Duas sindicâncias -uma da
Secretaria Estadual de Saúde e outra do CRM (Conselho Regional
de Medicina) do Espírito Santo-
foram abertas ontem para investigar a morte do aposentado Romualdo de Souza, 67, enquanto
esperava atendimento em um
hospital do Espírito Santo.
Ele morreu anteontem, dentro
do carro da filha, uma Kombi, em
frente ao hospital estadual Dario
Silva, na cidade de Serra (região
metropolitana de Vitória). Ele
não conseguiu ser atendido porque o hospital estava lotado.
Ontem pela manhã, o diretor-geral do hospital, Francisco Feu,
foi exonerado pelo secretário estadual de Saúde, João Felício Scadua. O cargo passa a ser ocupado
pela médica Rosalie de Resende,
que deve assumir hoje. A Agência
Folha não conseguiu falar ontem
com o médico Feu.
Scadua e o governador José Ignácio Ferreira (PSDB) estiveram
ontem pela manhã no hospital e
decidiram abrir uma sindicância
para apurar a responsabilidade
pela morte do aposentado.
"Mesmo com todas as dificuldades dos hospitais públicos, é
inaceitável que uma pessoa morra
por falta de atendimento", disse o
secretário. Ele afirmou que a conclusão da sindicância deve ser divulgada na próxima semana.
Não é o primeiro caso de um
paciente que morre por falta de
atendimento no Estado. No dia 29
de junho, um outro aposentado,
Carlos Oliveira dos Santos, morreu em frente ao Pronto-Socorro
do Hospital das Clínicas de Vitória sem atendimento.
Há cerca de três meses, outro
paciente morreu após uma cirurgia em um hospital público do Estado. Ele havia recebido uma prótese para substituir uma artéria
atingida por um tiro, mas teve
uma infecção depois da operação.
O hospital não tinha antibióticos
para combater a infecção.
O presidente do CRM-ES, Wilde da Silva Neto, disse que fez três
denúncias ao Ministério Público
este ano por causa de negligência
em hospitais públicos do Estado.
"Na maioria dos casos não se
pode responsabilizar o médico
plantonista, já que ele está sozinho para atender 70, 80 pacientes.
Os hospitais parecem campos de
concentração. Dá vergonha dizer
isso sobre a saúde de um Estado
tão rico como o Espírito Santo,
mas é verdade."
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