São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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ES investiga morte em porta de hospital

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha

Duas sindicâncias -uma da Secretaria Estadual de Saúde e outra do CRM (Conselho Regional de Medicina) do Espírito Santo- foram abertas ontem para investigar a morte do aposentado Romualdo de Souza, 67, enquanto esperava atendimento em um hospital do Espírito Santo.
Ele morreu anteontem, dentro do carro da filha, uma Kombi, em frente ao hospital estadual Dario Silva, na cidade de Serra (região metropolitana de Vitória). Ele não conseguiu ser atendido porque o hospital estava lotado.
Ontem pela manhã, o diretor-geral do hospital, Francisco Feu, foi exonerado pelo secretário estadual de Saúde, João Felício Scadua. O cargo passa a ser ocupado pela médica Rosalie de Resende, que deve assumir hoje. A Agência Folha não conseguiu falar ontem com o médico Feu.
Scadua e o governador José Ignácio Ferreira (PSDB) estiveram ontem pela manhã no hospital e decidiram abrir uma sindicância para apurar a responsabilidade pela morte do aposentado.
"Mesmo com todas as dificuldades dos hospitais públicos, é inaceitável que uma pessoa morra por falta de atendimento", disse o secretário. Ele afirmou que a conclusão da sindicância deve ser divulgada na próxima semana.
Não é o primeiro caso de um paciente que morre por falta de atendimento no Estado. No dia 29 de junho, um outro aposentado, Carlos Oliveira dos Santos, morreu em frente ao Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas de Vitória sem atendimento.
Há cerca de três meses, outro paciente morreu após uma cirurgia em um hospital público do Estado. Ele havia recebido uma prótese para substituir uma artéria atingida por um tiro, mas teve uma infecção depois da operação. O hospital não tinha antibióticos para combater a infecção.
O presidente do CRM-ES, Wilde da Silva Neto, disse que fez três denúncias ao Ministério Público este ano por causa de negligência em hospitais públicos do Estado.
"Na maioria dos casos não se pode responsabilizar o médico plantonista, já que ele está sozinho para atender 70, 80 pacientes. Os hospitais parecem campos de concentração. Dá vergonha dizer isso sobre a saúde de um Estado tão rico como o Espírito Santo, mas é verdade."



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