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URBANISMO
Escolha, por "notória especialização", considera vencedor o único capaz de fazer obra em avenida para a qual já há projeto
Emurb contrata escritório sem licitação
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O escritório do arquiteto Paulo
Bastos foi contratado pela Prefeitura de São Paulo sem licitação
para elaborar o projeto da Operação Urbana Águas Espraiadas
(zona sul), que já havia sido elaborado na gestão passada. Autorizada pela prefeita Marta Suplicy
(PT), a contratação foi criticada
por presidentes de entidades.
A medida foi tomada pela
Emurb (Empresa Municipal de
Urbanização) baseada no artigo
11 da Lei de Licitações, que trata
da "notória especialização". Dessa forma, é possível dispensar
concorrência quando o poder público tem argumentos que comprovem que um único profissional ou empresa é capaz de oferecer determinado serviço.
Na opinião de Gilberto Belleza,
presidente do IAB (Instituto de
Arquitetos do Brasil), Bastos "é
um dos profissionais mais qualificados do país, mas há outros tão
credenciados quanto ele".
"Não é recriminável. Só espero
que não vire regra, porque há vários profissionais altamente habilitados na cidade", afirma Gianfranco Vannucchi, presidente da
AsBEA (Associação Brasileira dos
Escritórios de Arquitetura).
O projeto para as Águas Espraiadas inclui a extensão da via,
que ligaria a marginal Pinheiros à
rodovia dos Imigrantes, a solução
de problemas como as favelas do
local e a proteção aos bairros estritamente residenciais do entorno, além da própria criação de
mecanismos que atraiam empresas interessadas em se instalar na
avenida, um dos objetivos principais da operação urbana.
"Ao analisar as especificidades
dessa operação, chegamos à conclusão de que ele era o mais apto
para a tarefa", afirma Maurício
Faria, presidente da Emurb.
Extenso, o currículo do arquiteto inclui experiências variadas,
como um projeto de habitação
popular e revitalização urbana
para a região da represa Guarapiranga (sul), premiado na última
Bienal da Arquitetura, e as obras
de restauração da Catedral da Sé.
No entanto, Bastos tem na bagagem profissional outro fato: já trabalhou com Faria em 1998. O arquiteto e o presidente da Emurb
elaboraram o projeto de construção de um parque público no Carandiru, para participar de um
concurso promovido pelo governo do Estado. Ficaram em segundo lugar. O primeiro ficou com o
escritório de Roberto Aflalo.
"Realmente, na época, convidei
o Maurício, por sua experiência
na administração da cidade de
Santo André", diz Bastos. "Bom,
mas, aos 65 anos e após uma longa trajetória, eu não tenho de me
justificar para ninguém", afirma.
Além desse fato, o arquiteto Alberto Botti elaborou um projeto
de operação urbana para a mesma avenida, na gestão Celso Pitta
(PSL, 1997-2000). "Nós não iremos ignorá-lo. Mas a realidade
mudou com a iminente entrega
da segunda pista da Imigrantes e
com o Estatuto da Cidade, e ele ficou defasado", afirma Faria.
A contratação de escritórios de
arquitetura sempre impôs um dilema às prefeituras. Isso porque a
concorrência prevista na lei, pelo
menor preço, acaba afastando os
profissionais mais conceituados.
De acordo com Maurício Faria, a
prefeitura pretende resolver o
problema fazendo um concurso
de pré-qualificação de escritórios.
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