São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2004

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SEGURANÇA

Menino saía de uma praça a 150 metros de sua casa, na favela Vila Aliança, no Rio, quando foi atingido na testa

Garoto de 6 anos morre com bala perdida

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Atingido por uma bala perdida quando saía de uma praça a 150 metros de sua casa, na noite de sábado, o menino Lucas de Aguiar Ferreira da Silva, 6, morreu com um tiro na testa na favela Vila Aliança, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. A polícia investiga de onde partiu o tiro que matou o garoto.
A mãe de Lucas, a agente de saúde comunitária Marta Ferreira de Aguiar, 32, afirmou à polícia ter visto um carro da PM (Polícia Militar) perseguindo um Palio escuro na rua onde caminhava com o filho. Ela disse que ouviu um tiro e, logo depois, viu seu filho baleado ao seu lado no chão.
O garoto foi socorrido por um policial militar que mora próximo ao local, mas não resistiu aos ferimentos e chegou morto ao hospital Albert Schweitzer, em Realengo, também na zona oeste.
O comandante do 14ª BPM (Batalhão de Polícia Militar), coronel Miguel Almeida Carlou, disse que "apenas a mãe do garoto afirmou ter visto a perseguição". Segundo ele, desde quinta-feira, quando dois supostos traficantes morreram em confronto com PMs na Vila Aliança, quatro pontos da favela estão ocupados. E há um Posto de Policiamento Comunitário instalado na Vila Aliança.
O coronel afirmou que a localização de todas os carros que estavam de serviço foi checada, por meio do GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global) instalado no giroscópio dos carros, e não foi constatada a presença de PMs do batalhão no local onde estava o garoto.
"Enviei policiais ao local momentos depois do tiro e nenhum morador disse ter visto a perseguição. No centro de operações da PM também não há registros", disse o coronel. "Mandei uma equipe ao enterro, em busca de testemunhas, mas não há nada que confirme o que a mãe contou. Temos que ver agora se foi um carro de um batalhão de outra área ou se o tiro foi disparado por alguém que não é da polícia", completou. O caso será investigado pela 34ª Delegacia de Polícia. Novos depoimentos devem ser tomados hoje.
Lucas foi enterrado no início da tarde de ontem no cemitério do Murundu, em Realengo (zona oeste). Cerca de cem pessoas, entre parentes e amigos da família, acompanharam inconsoláveis o sepultamento. A mãe de Lucas, que era filho único, dizia o tempo todo que sua vida acabara com a perda do menino. Muito abalado, o pai, Ronaldo Francisco da Silva, não conseguiu assistir ao enterro. (TALITA FIGUEIREDO)

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