São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔO 1907/INVESTIGAÇÃO

Justiça manda que piloto fique localizável

Embaixada dos Estados Unidos deve informar no prazo de dez dias em qual endereço no Brasil estão condutores do Legacy

Passaportes continuam retidos; para ministro da Defesa, volta de americanos "não necessariamente" atrapalha investigação

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

ANDREA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ

A Justiça Federal em Sinop (MT), a 500 km de Cuiabá, determinou que a Embaixada dos EUA informe no prazo de dez dias em qual endereço no Brasil estão o piloto Joseph Lepore e o co-piloto Jean Paul Paladino, condutores do jatinho Legacy que colidiu com o avião da Gol.
O juiz federal Charles Renaud Frazão de Moraes também determinou que seja mantida a apreensão dos passaportes dos dois. A mando da Justiça Estadual em Peixoto de Azevedo (MT), a Polícia Federal já havia apreendido os documentos, mas o Ministério Público Federal pediu a mesma providência ao juiz federal. Moraes mandou ainda a PF registrar os nomes do piloto e co-piloto entre as pessoas que estão impedidas de sair do país. O juiz tomou as decisões anteontem.
Conforme a Justiça Federal, a embaixada precisa informar o local onde Lepore e Paladino estão no Brasil para que possam ser chamados a depor ou notificados de alguma decisão judicial. Eles estariam no Rio, em local mantido em sigilo, sob a proteção da embaixada.
Indagado se a volta dos pilotos aos EUA atrapalharia a investigação, o ministro da Defesa, Waldir Pires, disse: "Não necessariamente". Caso haja necessidade de ouvi-los mais uma vez, "então convoca-se novamente". "A retenção dos dois pilotos é uma decisão judicial." Além do inquérito federal, a Polícia Civil mantém as investigações sobre o acidente, até decisão da Justiça Estadual. O delegado civil Luciano Inácio da Silva enviou ontem ao ministro pedido para ouvir os controladores de vôo de Brasília e Manaus. Após esses depoimentos, Silva ouvirá novamente o piloto e o co-piloto. Eles foram interrogados em Cuiabá logo após o acidente. "Os depoimentos deles estão em conflito com o plano de vôo." O delegado disse que, no interrogatório, Paladino e Lepore afirmaram ter seguido à risca o plano de vôo e, por isso, estavam a 37 mil pés de altura, ou seja, na mesma altitude do avião da Gol.
O plano de vôo, recebido pelo delegado, previa que o Legacy voasse a 37 mil pés apenas de São José dos Campos (SP) a Brasília. Depois disso, a aeronave deveria baixar a 36 mil pés e subir a 38 mil em um ponto registrado na carta de navegação aérea, chamado Teres.
O delegado disse que ainda não há provas para responsabilizar Paladino e Lepore pelo acidente. Os dois disseram que perderam contato com as torres de Manaus e Brasília durante o vôo, antes do acidente. Por essa razão, o delegado quer ouvir os controladores de vôo.


Colaborou a SUCURSAL DE BRASÍLIA


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Em nota, advogado afirma que empresa confia na investigação
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.