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VÔO 1907/INVESTIGAÇÃO
Jato não precisava de recall, diz fabricante
Segundo a empresa Honeywell, Legacy envolvido no acidente que matou 154 pessoas não usa o tipo de transponder sujeito a falha
A Embraer, que vendeu o avião e poderia sanar as dúvidas, afirma que não se pronunciará até o final
das investigações do caso
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fabricante norte-americana Honeywell informou que o
Legacy envolvido no acidente
com o Boeing da Gol não utilizava transponder e unidade de
comunicação sob suspeita de
falha pelas autoridades aeronáuticas dos Estados Unidos.
O Legacy foi incluído no rol
de 1.365 aeronaves de sete fabricantes diferentes nas quais
estão instalados algumas séries
desses aparelhos sujeitas a um
recall da FAA (Administração
Federal de Aviação).
O transponder envia e recebe
dados de navegação para o controle em terra e outros aviões,
inclusive os do sistema anticolisão da aeronave.
A unidade de comunicação
codifica alguns desses dados.
Eles são integrados.
A FAA, alertada pela própria
Honeywell, descobriu que o
transponder poderia entrar automaticamente em modo de espera ("stand-by", inoperante
para radares na prática).
A condição para isso seria o
caso de alguém da tripulação
operar por mais de cinco segundos o botão giratório da
unidade de comunicação do
avião para mudar o seletor de
código de rota -um código que,
transmitido pelo transponder
com dados como altitude e velocidade, ajuda a identificar o
avião no radar.
Por que o piloto do Legacy,
que não teve contato com o
controle aéreo após passar por
Brasília em direção a Manaus,
mudaria seu código é incógnita.
Investigadores do acidente
aéreo especulam até um esbarrão acidental.
Uma eventual falha desse tipo no Legacy acidentado explicaria por que o avião sumiu do
radar primário, aquele que traz
essas informações detalhadas,
após passar por Brasília.
Não explica, porém, por que
o Legacy estava na altitude errada (37 mil pés), na contramão
da rota do Boeing.
Recall
A Honeywell mudou sua versão sobre o equipamento durante contatos com a reportagem da Folha ontem, por telefone e e-mail.
A Embraer, que vendeu o jato para a norte-americana ExcelAire e poderia sanar as dúvidas dizendo o que há no seu
avião, não se pronunciará até o
fim da investigação.
Questionado, o porta-voz da
Honeywell Bill Reavis inicialmente afirmou à Folha que nenhum Legacy estava sob recall,
como havia dito à imprensa
americana.
Confrontado com o fato de a
Diretriz de Aeronavegabilidade
2006-19-04, da FAA, citar o
EMB-135BJ, que é o nome oficial do Legacy, disse que "aquele avião específico do acidente"
não estaria sob suspeita.
Depois, Reavis informou o
número de série de componentes do transponder utilizado
naquele avião (7510700-665),
que não está sujeito ao recall.
Só que esse é o código com que
a Honeywell designa as unidades de comunicação.
Questionado novamente,
reafirmou sua informação, mas
acrescentou que o Legacy não
utiliza o tipo de transponder
listado como suspeito.
Os equipamentos que, segundo a FAA, podem levar à falha são alguns componentes
das unidades de comunicação
RCZ, modelos 833J/K, 851J/K
e 854J equipadas com os transponders Modo S XS-852E/F,
XS-856A/B e XS-857A. A Honeywell não especificou quais
modelos estão no Legacy.
A diretriz, expedida em 12 de
setembro, só valerá a partir do
dia 17 deste mês.
Ou seja, os aviões estão dentro do prazo para as medidas de
segurança, que eram três: troca
em até 14 dias do manual do piloto, incluindo alerta sobre
checagem do equipamento;
checagem e eventual troca da
unidade de comunicação em
até 18 meses e; checagem e
eventual troca de software do
transponder em até 18 meses.
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