São Paulo, domingo, 11 de outubro de 2009

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Papelão para colorir é sucesso no MoMA de NY

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a designer Sabrina Arini começou a desenvolver produtos feitos de papelão para serem coloridos, imaginava que as crianças seriam as que mais se divertiriam com a brincadeira. Porém, em um evento em que levou seus bancos, maletas e baús para serem pintados com canetinha e giz de cera, foi de um adulto que tomou a maior canseira.
"O cara estava lá há quatro horas pintando uma maleta!", conta, rindo. "Tive de dizer: Acabou! Estou indo embora!".
A maleta, que tem versão no formato de jacaré, o baú com rodinhas e o banco, que pode vir cheio de adesivos coloridos e suporta alguém de até cem quilos sentado sobre ele -todos feitos apenas com papelão - intrigaram tanto os marmanjos que a designer foi convidada a vender suas peças nas lojas do MoMA, o museu de arte moderna de Nova York.
Sabrina conta que, quando começou, os objetos não fizeram sucesso. "O papelão é um material sem status. As pessoas achavam besta". A mudança ocorreu conforme ela apostou em produtos mais lúdicos -esses, sim, conquistaram os adultos. Sua marca, Jaya!, hoje tem itens de gente grande como carteiras e luminárias.
Na loja Imaginarte, nos Jardins (zona oeste), onde também são vendidas as peças da Jaya!, é comum adultos comprarem para si o que faria a alegria da criançada. "Outro dia entrou aqui um estudante de medicina de 29 anos e escolheu várias réplicas de dinossauros e cavaleiros medievais. Depois a mãe veio buscar", conta a proprietária Vera Silva.
Segundo ela, é comum mulheres crescidas comprarem as xícaras coloridas feitas de ferro, que poderiam ser usadas num chá de bonecas, para servir café de verdade. Piões, ioiôs e outros brinquedos artesanais pintados à mão também são bem procurados para decoração.
Já a Plastik, também nos Jardins, é especializada em "toy art", brinquedos assinados por artistas plásticos, mas que não necessariamente sejam criações dos estúdios de cinema e quadrinhos. Muitos são personalizáveis, mas também há espaço para as fantasias do cinema, como uma réplica do busto de Ludwig van Beethoven que aparece no filme "Laranja Mecânica" (R$ 2.400).
Nina Samber, proprietária da loja há três anos, começou o negócio de tanto colecionar brinquedos. Segundo ela, 95% do público é de adultos, e os produtos, em sua maioria, são importados dos EUA, Japão e China. "Quando vou a Nova York, por exemplo, já procuro alguns artistas notáveis nessa área, como Frank Kozik. Essas peças, na verdade, são objetos de arte", conta Nina, que costuma fazer promoções no Dia da Criança, mas destaca que os períodos em que mais vende esse tipo de objeto é no Dia dos Pais, dos Namorados e no Natal.


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