|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ERICA BAYER IN ROTH (1917-2009)
Dra. Encouraçado Potemkin e madrinha dos marinheiros
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Lá pelo fim dos anos 60,
Erica Bayer in Roth ganhou
do diretor da penitenciária
Lemos de Brito, onde trabalhava no Rio, o apelido de
Doutora Encouraçado Potemkin, em alusão ao filme de
Sergei Eisenstein sobre uma
revolta de marinheiros.
Desde 1967, ela era assistente social no local e atendia
a 900 pessoas. Graças a ela, os
presos passaram a receber visitas de suas mulheres. Em
1969, houve fuga, e ela, pela
influência que tinha, acabou
sendo acusada de participação e presa por três semanas.
Alguns eram presos políticos, mas ela não era ligada a
partidos. "O que ela perseguia
era a dignidade humana",
conta a amiga e professora da
Escola de Museologia da UniRio Ana Lúcia de Castro.
O episódio dos presos não
havia sido o primeiro em que
ganhara um apelido e vira
uma revolta. Trabalhara antes na Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais,
onde montou um departamento jurídico e uma escola.
Por isso, foi chamada de
Madrinha dos Marinheiros
do Brasil. Com um revolta de
oficiais em 1963, teve de se
afastar do cargo, por temerem
sua segurança.
Formada em física e nascida na Hungria, Erica veio ao
país em 1940, fugindo do nazismo. Aqui, seu diploma não
foi reconhecido e ela se tornou assistente social. Apesar
das agitações dos anos 60, ela
se manteve firme na profissão, tanto que, aos 82 anos,
formou-se em psicanálise.
Em Teresópolis (RJ), vivia
sozinha e era voluntária da
Vara da Infância, da Juventude e do Idoso até terça, quando morreu aos 92, de infarto.
Deixa filha, netos e bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Executivo troca almoço por windsurfe em represa Índice
|