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CUSTO INFÂNCIA
Estudo mostra que 25,8% dos jovens e crianças das classes A e B ganham mesadas de até R$ 200
Mesada de crianças é maior que salário
da Reportagem Local
Estudo sobre hábitos de consumo revela que 25,8% dos adolescentes e das crianças das classes A
e B que ganham mesada recebem
entre R$ 101 e R$ 200.
Esse valor é superior ao que a
empregada doméstica Joselina
Rocha Silva, 44, gasta para alimentar, durante um mês, sua família.
"Quando dá, faço uma compra
grande de comida por mês. Sem
contar mistura."
Além de garantir a alimentação
da família, Joselina diz ter outra
prioridade: a educação de seu filho
Johny, 8.
O menino estuda em uma escola
municipal na região de Pirituba,
região noroeste de São Paulo, onde a família vive. "Ele tinha de
aprender a mexer em computador, mas não sobra dinheiro." Joselina ganha R$ 500 por mês.
Para que ele consiga "subir na
vida", ela espera que Johny se torne jogador de futebol. Subir na vida quer dizer ter dinheiro e "entender o mundo".
A idéia que o publicitário Marco
Piva tem para seu filho Ítalo, 13, é
parecida com o projeto de vida
que Joselina tem para Johny.
A diferença é que Piva tem condições de aplicar R$ 1.300 de seus
rendimentos mensais na formação de Ítalo. Proprietário de uma
agência de publicidade e de assessoria de imprensa, ele também dá
aulas na faculdade Casper Líbero.
"Além da escola, línguas e informática, a educação de qualidade também inclui vida social e cultural", diz Piva.
Por isso, parte dos R$ 1.300 gastos com Ítalo são aplicados em
cds, livros e lazer. "Cinema é
obrigatório. Também reservo um
dinheiro para jantar fora com a família uma vez por semana."
É justamente por meio de cortes
dos gastos com lazer que a dona-de-casa Leilane Camacho, 36,
pretende garantir um dinheiro extra para pagar o curso de inglês da
filha Nayara, 8, a partir do próximo ano.
A família (de quatro pessoas) vive com uma renda de R$ 2.400.
"Tem de programar tudo com antecedência. Vamos diminuir um
pouco as viagens e os jantares em
restaurantes. Mas vale para assegurar uma boa educação."
Parte da boa educação, no caso
de Nayara e Gustavo (os filhos de
Leilane), no entanto, é garantida
em uma escola pública: os dois estudam em uma das melhores escolas da rede estadual do Estado de
São Paulo, a Experimental da Lapa
(na região noroeste).
"Se eles não estudassem lá, provavelmente teria de pagar escola
particular. Nesse caso, teria de
voltar a trabalhar", diz Leilane,
que é formada em administração.
Para reforçar a formação, Leilane vai ensinar informática aos filhos. "Quero comprar um computador. Como já trabalhei com
informática, vou passar noções a
eles até poder pagar um curso."
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