São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

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Gasto depende de fator cultural

da Reportagem Local

Os valor que os pais aplicam na educação dos filhos está ligado a fatores culturais. Essa é a opinião do psiquiatra especializado em jovens, Içami Tiba.
Com base em seu trabalho com famílias, ele diz que, no Brasil, os pais tendem a se orientar pela preocupação de "dar tudo o que podem" para os filhos, mesmo que isso os leve a gastar mais do que o orçamento permite.
"Muitos pais se desdobram para aumentar a renda e melhorarem o padrão de vida da família e dos filhos", diz Tiba.
É o caso de Pedro Carvalho Matos, 35 anos e três filhos. Ele trabalha como representante de uma empresa de produtos químicos e complementa sua renda vendendo importados norte-americanos.
Com o emprego e o "bico", Matos chega a uma renda mensal de R$ 3.200, aproximadamente.
"Dá para pagar a escola do mais velho. Quando os outros também forem para a escola, acho que minha mulher vai ter de voltar a trabalhar", diz. Seu filho mais velho, Thiago, tem 7 anos.
Se, por um lado, esse tipo de atitude está baseada em boas intenções, por outro, ela pode ter aspectos negativos.
"Muitas vezes, ao dar tudo para o filho, o pai está mais preocupado, no fundo, em satisfazer a si próprio, em mostrar que ele é capaz de atender todas as necessidades da criança."
Essa atitude, no entanto, pode ser antieducativa, já que, para que uma criança se torne um adulto responsável, precisa perceber os limites e aprender a lidar com a frustração.
"Formar uma criança significa desenvolver quatro tipos de capacidade. Os pais costumam dar três delas: ler e escrever, usar um computador e falar uma língua estrangeira. Falta ensinar se relacionar com o mundo e as diferenças", diz o psiquiatra.



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