São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

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Estudo traça perfil de recém-nascidos

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

O mapa dos nascidos vivos traçado pelo Ministério da Saúde mostra o tamanho da população de bebês em risco no país. Levantamento obtido pela Folha mostra que pelo menos 212 mil bebês nasceram com baixo peso no país em 96. O número corresponde a 8% dos 2,7 milhões de nascidos vivos.
O baixo peso é uma condição de risco para a sobrevivência do recém-nascido. Nem todos esses bebês, que nasceram com menos de 2,5 kg, eram prematuros.
O trabalho traz informações sobre quanto tempo durou a gestação dos nascidos vivos. Em 5,3% dos casos, os bebês nasceram até o oitavo mês da gravidez, sendo que 18,1 mil nasceram até o sétimo mês.
Essa proporção é equivalente em todas as regiões do país. "O baixo peso mostra a desnutrição da criança e da mãe", diz Jarbas Barbosa, presidente do Cenepi (Centro Nacional de Epidemiologia).
O centro, ligado à Fundação Nacional de Saúde, realizou o levantamento levando em conta a rede de hospitais públicos, os privados e os partos realizados em casa.
Segundo o diretor, é entre os recém-nascidos prematuros e de baixo peso que há maior mortalidade infantil.
No ano retrasado, nasceram 68,7 mil meninos a mais que meninas. A região Sudeste concentrou 40% dos nascidos vivos (1,097 milhão), seguida pela Nordeste (27%).
Existe entre essas duas regiões uma grande diferença no tipo de parto predominante. Enquanto 73% dos partos no Nordeste foram normais, metade dos realizados no Sudeste foram cesarianas.
Essa proporção é semelhante à do Centro-Oeste (50,5% de cesarianas). No Sul, 55% dos partos foram normais e no Norte, 70%.
Essa diferença pode se explicar pela maior concentração de hospitais públicos e privados no Sudeste, Sul e Centro-Oeste e pela maior dificuldade de acesso aos serviços no Norte e no Nordeste.
O diretor alerta para o fato de que metade da mortalidade infantil no país acontece por causas perinatais associadas ao parto e à atenção do recém-nascido. "A cesária feita sem orientação gera um grande número de bebês prematuros."



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