São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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CRIME NO BROOKLIN

Amigo da família teria dito à estudante que seu irmão, Andreas, a perdoou pelo assassinato dos pais

Suzane ajudou a limpar o quarto após crime

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante de direito Suzane Louise von Richthofen, 19, ajudou a limpar o quarto dos seus pais depois que eles foram assassinados por seu namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e pelo irmão dele, Cristian, 26.
Marísia e Manfred von Richthofen foram mortos por volta da meia-noite do dia 30 de outubro, no Brooklin (zona sul). Suzane, Daniel e Cristian confessaram o duplo homicídio na sexta-feira.
Ontem, o procurador da Dersa, Denivaldo Barni, amigo da família Richthofen, contou ter dito à estudante que seu irmão, Andreas, 15, a perdoou. A conversa teria ocorrido durante visita à tarde. No entanto, a carcereira Darci Sales, que acompanhou a visita, disse que não ouviu esse diálogo.
No dia do crime, Suzane abriu a casa, acendeu a luz do corredor para que os irmãos vissem as vítimas deitadas na cama, mas não estava no quarto no momento dos golpes, segundo a polícia.
Depois, participou da alteração do cenário do crime, segundo a Folha apurou. "Tudo indica que ela entrou no quarto dos pais depois do assassinato para ajudar a limpar o local", disse o promotor Marcelo Milani, que acompanhou a investigação.
Um das principais dúvidas da investigação, segundo Milani, era a pequena quantidade de sangue no local para a força dos golpes, que provocaram traumatismo craniano nas vítimas.
A polícia chegou a cogitar que os dois tivessem sido mortos e depois colocados na cama. Conclui-se agora que o local foi limpo pelo grupo. A própria Suzane providenciou um jarro de água e toalhas para isso. Uma toalha molhada foi encontrada sobre o rosto de Manfred, segundo policiais.
Outra dúvida era a colocação do revólver 38 de Manfred ao lado de seu corpo. A polícia teria encontrado digitais de Suzane no compartimento secreto do closet onde a arma ficava escondida. Foi também a garota que providenciou o saco plástico de lixo preto usado para cobrir o rosto de Marísia.
A polícia falou, na entrevista coletiva de sexta-feira, que a idéia de matar o casal partiu de Suzane e de Daniel. Mas, para a Promotoria, a filha foi a mentora do crime.
"Era a única que tinha capacidade intelectual para isso", afirmou Milani. Aluna do primeiro ano de direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica), Suzane teria pensado os detalhes da morte, os cuidados para não deixar vestígios na casa e definido o álibi.
Suzane pegou as luvas cirúrgicas da mãe e repassou aos dois irmãos. Eles também vestiram, por orientação dela, meia-calça para não deixar pêlo no local. Esse material, mais as barras de ferro usadas para golpear as vítimas, ainda não foram achados.

Visita
O procurador da Dersa visitou Suzane acompanhado por um homem que não quis se identificar, mas disse ser amigo da família Richthofen há 25 anos.
Segundo a carcereira, a estudante, que chegou a jogar baralho, chorou ao ver os dois homens, que levaram bolachas, leite e roupas para ela.


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