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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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MANIFESTAÇÃO

Eles pediram reajuste e fizeram o "enterro" da política de segurança do governo do Estado

Policiais fazem protesto na Paulista

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana após o início dos atentados contra bases da Polícia Militar em São Paulo, que deixaram dois mortos e 11 feridos, aposentados, parentes, associações e sindicatos de policiais civis e militares fizeram ontem, no Masp (Museu de Arte de São Paulo), um ato "pelo resgate da dignidade policial", como explicitavam faixas dispostas pelos participantes. No final, fizeram um enterro simbólico da política de segurança do governo.
Os organizadores (44 associações de policiais civis e militares no Estado) disseram que a manifestação de ontem não tinha ligação com os atentados e já estava marcada. Eles estimaram que cerca de 2.000 pessoas passaram pelo local. O evento aconteceu das 5h às 16h30.
Mesmo tendo como principal finalidade a reivindicação de aumento de 46,9%, o movimento lembrou as vítimas dos ataques atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Cruzes negras com os nomes do cabo Pedro Cunha e do sargento Fábio Soares eram seguradas por vários participantes. Boa parte vestia roupa preta, em luto pela morte dos policiais e "pela falta de sensibilidade do governador, que desde 1994 não reajusta o salário dos policiais", como disse o sargento reformado Romildo Pytel, diretor jurídico da Associação dos Policiais Militares Deficientes Físicos (APMDFESP).
A presidente do Movimento das Esposas e Familiares dos Policiais Militares, Ana Veiga Jollo, 61, resumiu o pensamento das associadas: "Estamos de luto pelos nossos policiais". Acompanhada de outras 14 "viúvas", Jollo reclamou da "falta de condições de trabalho" para a polícia.
As amigas Rosângela Dias dos Santos e Raimunda Pereira Chaves montaram uma barraca no vão livre. "Vendo café para ajudar meu marido", dizia uma faixa na banca. O cafezinho custava R$ 0,50 e o refrigerante, R$ 1. "Conseguimos tirar um pouco mais de R$ 100", disse Chaves.
Diariamente, elas e mais 13 mulheres vendem artesanato na Associação Fundo de Auxílio Mútuo dos Policiais Militares. No fim do mês, cada uma obtém cerca de R$ 500. O marido de Santos, sargento, ganha cerca de R$ 2.000; o de Chaves, soldado, recebe R$ 1.500. Ambos estão há mais de 20 anos na polícia.
A Secretaria da Segurança Pública informou que não há como atender às reivindicações.


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