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MANIFESTAÇÃO
Eles pediram reajuste e fizeram o "enterro" da política de segurança do governo do Estado
Policiais fazem protesto na Paulista
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana após o início dos
atentados contra bases da Polícia Militar em São Paulo, que
deixaram dois mortos e 11 feridos, aposentados, parentes, associações e sindicatos de policiais civis e militares fizeram ontem, no Masp (Museu de Arte de
São Paulo), um ato "pelo resgate
da dignidade policial", como explicitavam faixas dispostas pelos
participantes. No final, fizeram
um enterro simbólico da política
de segurança do governo.
Os organizadores (44 associações de policiais civis e militares
no Estado) disseram que a manifestação de ontem não tinha ligação com os atentados e já estava marcada. Eles estimaram que
cerca de 2.000 pessoas passaram
pelo local. O evento aconteceu
das 5h às 16h30.
Mesmo tendo como principal
finalidade a reivindicação de aumento de 46,9%, o movimento
lembrou as vítimas dos ataques
atribuídos ao PCC (Primeiro
Comando da Capital). Cruzes
negras com os nomes do cabo
Pedro Cunha e do sargento Fábio Soares eram seguradas por
vários participantes. Boa parte
vestia roupa preta, em luto pela
morte dos policiais e "pela falta
de sensibilidade do governador,
que desde 1994 não reajusta o salário dos policiais", como disse o
sargento reformado Romildo
Pytel, diretor jurídico da Associação dos Policiais Militares Deficientes Físicos (APMDFESP).
A presidente do Movimento
das Esposas e Familiares dos Policiais Militares, Ana Veiga Jollo,
61, resumiu o pensamento das
associadas: "Estamos de luto pelos nossos policiais". Acompanhada de outras 14 "viúvas", Jollo reclamou da "falta de condições de trabalho" para a polícia.
As amigas Rosângela Dias dos
Santos e Raimunda Pereira Chaves montaram uma barraca no
vão livre. "Vendo café para ajudar meu marido", dizia uma faixa na banca. O cafezinho custava
R$ 0,50 e o refrigerante, R$ 1.
"Conseguimos tirar um pouco
mais de R$ 100", disse Chaves.
Diariamente, elas e mais 13
mulheres vendem artesanato na
Associação Fundo de Auxílio
Mútuo dos Policiais Militares.
No fim do mês, cada uma obtém
cerca de R$ 500. O marido de
Santos, sargento, ganha cerca de
R$ 2.000; o de Chaves, soldado,
recebe R$ 1.500. Ambos estão há
mais de 20 anos na polícia.
A Secretaria da Segurança Pública informou que não há como
atender às reivindicações.
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