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SEGURANÇA
Polícia diz que túnel que ligava casa à Penitenciária do Estado tinha como objetivo facilitar a fuga de pelo menos 4 presos
Traficantes encomendaram fuga de presídio
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O alvo do plano de fuga na Penitenciária do Estado, no complexo
do Carandiru, na zona norte de
São Paulo, era um grupo de quatro a seis traficantes, provavelmente membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo
investigação da Polícia Civil. Eles
teriam sido os primeiros a sair do
túnel usado na fuga e estariam entre os foragidos.
Dos 87 detentos que tentaram
fugir anteontem, oito presos morreram soterrados quando o túnel
desmoronou -o trabalho de
busca foi encerrado pelos bombeiros às 13h de ontem. Um preso
foi morto em um tiroteio com a
Polícia Militar e 30 detentos ainda
estavam foragidos até o final desta
edição, segundo a Secretaria da
Administração Penitenciária.
Os supostos alvos da fuga estão
no grupo de foragidos. A polícia já
identificou pelo menos um deles,
mas não divulga o nome para não
prejudicar as investigações.
Segundo o delegado titular do
9º DP (Carandiru), Roberto Pacheco de Toledo, existem indícios
da existência de membros do PCC
entre os fugitivos e as pessoas que
organizaram a fuga, mas não há
informações de que a cúpula da
facção tenha participação no caso.
"Se fossem tão organizados não
teriam construído um túnel malfeito como esse que terminou na
morte de tantos irmãos."
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também
afirmou ontem que a fuga na penitenciária não tem relação com
os últimos atentados supostamente organizados pelo PCC.
O delegado disse que um grupo
de quatro a seis detentos que estava em um casa na rua Jovita, usada como base para a construção
do túnel, conseguiu escapar antes
do cerco policial. No grupo poderiam estar os alvos da fuga.
Na mesma casa, a PM prendeu
12 foragidos e dois operários. O
servente Manoel de Almeida, 29, e
o pedreiro Ailton Alves Vieira, 37,
disseram, segundo a polícia, que
foram pagos para ajudar na construção do túnel que dava acesso às
galerias do esgoto. Os dois operários, que têm passagem por tráfico de drogas, também confirmaram que um grupo de seis presos
conseguiu fugir antes do cerco.
Segundo o delegado, Almeida e
Vieira afirmaram receber R$ 500
por semana. O túnel foi iniciado
havia um mês e meio. Também
segundo a polícia, os operários falaram que mais 10 ou 12 homens
trabalhavam no local. Para se livrar dos restos da obra, eles telefonavam para uma empresa coletora de entulho.
Por um buraco no chão da casa,
o grupo entrou nas galerias de esgoto e, a uma distância de 120 metros da penitenciária, cavou um
túnel de uma oficina desativada
da cadeia. O túnel, segundo a polícia, era muito frágil e desmoronou com a passagem de muitos
presos. "Detentos que foram recapturados falam que eles passavam uns por cima dos outros durante a fuga", disse Toledo.
Os dois operários negam envolvimento com o crime organizado
e afirmam que aceitaram o serviço porque estavam desempregados. Indiciados por facilitação de
fuga, eles não tinham advogado e
a polícia não permitiu que falassem com a imprensa.
A Secretaria da Administração
Penitenciária divulgou os nomes
de sete dos nove presos mortos.
Josias José da Silva, Alexandre Nideval André, Eduardo de Jesus
Caparoz, Arnaldo da Silva Lima,
Elvis de Moraes Amorim e Flávio
Tadeu Rodrigues da Silva morreram soterrados. Alexandre Silva
Ferreira da Cruz foi morto em um
tiroteio com a PM.
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