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ANÁLISE
Novo blecaute retoma dúvidas sobre confiabilidade do sistema
AGNALDO BRITO
EM MANAUS
O blecaute de ontem retoma
uma dúvida sobre a confiabilidade do sistema elétrico brasileiro, sobretudo em um momento em que as represas estão
com reservatórios com os níveis mais altos em uma década.
O episódio de ontem repetiu
o apagão que ocorreu em 11 de
março de 1999, quando o desligamento de um circuito em
Bauru, interior de São Paulo,
provocou um efeito dominó no
SIN (Sistema Interligado Brasileiro), levando às escuras milhões de brasileiros das regiões
Sul e Sudeste. Aquele foi considerado o maior apagão da história do país, algo que pode ter
sido suplantado ontem.
Carlos Augusto Kirchner, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, que avaliou com uma equipe
de engenheiros as causas do
apagão de 1999, disse ontem
que considerou surpreendente
esse novo desligamento. "Pelas
providências tomadas em termos de alívio de carga para o
sistema, não era para ocorrer."
Um dos problemas em 1999
foi, segundo ele, a inexistência
de linhas de transmissão que
poderiam absorver a carga que
estava sendo desviada de um
circuito para outro. Quando a
carga gerada por uma usina não
consegue passar por um circuito, ela automaticamente tenta
utilizar uma linha alternativa.
O problema se agrava se essa
mesma linha estiver sendo usada para o escoamento da energia de outra usina. Se as linhas
de transmissão daquele circuito não forem dimensionadas
para suportar a sobrecarga, o
sistema derruba a transmissão.
Isso é feito para evitar o
aquecimento do fio e um dano
maior à infraestrutura.
É por isso que as usinas, então, são "derrubadas" e param
imediatamente de gerar energia, pois não possuem canais
para o escoamento.
Segundo ele, os investimentos em transmissão na última
década no Brasil tornaram o
Sistema Interligado Nacional
mais robusto e com possibilidade de absorção de energia de
outros circuitos sem, em princípio, o desligamento de várias
regiões em cadeia. É por isso
que o novo blecaute gerou dúvidas sobre as razões reais para
o colapso de parte do sistema.
O Sistema Interligado brasileiro é o maior do mundo com
esse tipo de configuração. É
apresentado pelo governo brasileiro como um exemplo mundial de eficiência de gestão. Por
ele, é possível, por exemplo,
melhorar a performance das
bacias hidrográficas e permitir
a transferência de energia de
uma região do país para outra,
sem qualquer tipo de prejuízo.
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