São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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TRAGÉDIA

Prefeitura de Angra organizou velórios coletivos

Menina de 13 anos que perdeu toda a família foi salva pela mãe

DO ENVIADO ESPECIAL

Internada em estado grave no pronto-socorro municipal de Angra dos Reis, a estudante Carolina Rodrigues Antunes, 13, perdeu toda a família. Moradora do condomínio de classe média Parque Ribeira, ela sobreviveu à enxurrada que destruiu sua casa.
Ela ainda não sabe que o pai, o engenheiro Luiz Antônio Holandino Antunes, 43, a mãe, a professora Débora Rodrigues, 41, e o irmão, Rodrigo Antunes, 20, morreram. Segundo parentes, Carolina foi salva pela mãe.
"Na hora da chuva, Carolina e a mãe estavam rezando. Quando a casa começou a desabar, Débora abraçou a filha e a protegeu. Um vizinho conseguiu tirar Carolina dos escombros, mas não evitou a morte da mãe", disse o major do Corpo de Bombeiros Júlio César Carvalho, tio de Carolina.
Carvalho disse que o pai da menina morreu sem realizar seu grande sonho: terminar de construir a casa. "Ele deixou de pagar aluguel há pouco tempo para se dedicar à construção da casa. A família estava morando em uma casa improvisada no terreno."
O motorista Luís Carlos Moreira Bastos, 32, viu a casa onde morava no bairro de Areal desabar sobre ele. Ele escapou da tragédia, mas perdeu 14 parentes, entre eles a mãe, Neide da Silva, 56, e quatro irmãos. "Ouvi um estrondo e as paredes começaram a cair em cima de mim e de minha mãe. Nunca vi nada tão cruel em toda a minha vida. Não consegui salvar ninguém", disse ele.
A Prefeitura de Angra dos Reis organizou velórios coletivos em escolas e capelas. No fim da tarde, seis parentes de Bastos ainda estavam sendo velados no Colégio Estadual Artur Vargas. Com a mortes, ele se diz sem condições de ficar em Angra e vai morar com um tio no Rio.


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