São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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EDUCAÇÃO

Secretário afirma que carga horária pode aumentar se essa for a opção de pais, alunos, professores e diretores

Votação define currículo de escola estadual

André Nieto/Folha Imagem
DIVIDIDO Garota presta as provas de inglês e português do vestibular do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), ontem, em São José dos Campos (SP). Homens e mulheres foram colocados em salas separadas


BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado convocou "eleições" pela internet para decidir como serão os currículos do ensino médio e do segundo ciclo do ensino fundamental (5ª a 8ª série) nas escolas estaduais em 2003. As 6.100 escolas da rede precisam escolher uma das opções apresentadas até sexta-feira.
As maiores mudanças podem ocorrer no ensino médio. Segundo sindicatos de profissionais da educação, tem grandes chances de vencer a proposta que permite que cada escola faça sugestões para uma nova grade curricular, a ser adotada por toda a rede.
De acordo com o secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita, a proposta "em aberto" permite até mesmo que as escolas optem por aumentar o número de horas diárias de aula, de cinco para seis, no período diurno, e de quatro para cinco, no noturno. Essa é uma reivindicação dos sindicatos desde 97, quando houve a redução da carga horária.
"A maciça maioria vai escolher a proposta de grade aberta para sugerir a volta para as seis horas [diárias"", diz Volmer Aureo Pianca, diretor de assuntos sindicais da Udemo (sindicato dos diretores, coordenadores e supervisores de escolas da rede estadual).
O presidente da Apeoesp (sindicato dos professores de escolas da rede estadual), Carlos Ramiro de Castro, questiona a promessa de Chalita e diz que, na proposta apresentada, há espaço para sugestões das escolas, mas sem menção direta à possibilidade de aumentar a carga horária. "Se realmente for verdade, todo mundo vai votar [na proposta aberta". Vamos fazer campanha."
A decisão, contudo, não depende somente dos professores. A posição de cada escola será definida em reunião do Conselho de Escola -órgão formado por professores, alunos, pais e direção, representados igualmente. No município de São Paulo, segundo a secretaria, os conselhos têm entre 16 e 40 membros, dependendo do número de classes.
As reuniões, marcadas para ontem e hoje, decidirão como será o voto da escola, que será registrado na internet pelo diretor, detentor de uma senha específica.
Para o ensino fundamental, a secretaria apresentou três opções: manter o currículo como está; redistribuir aulas, aumentando a carga horária de matérias de ciências humanas; ou fazer a redistribuição aumentando a carga de matérias de ciências naturais e matemática.
Para o ensino médio, há quatro propostas: manter o currículo como está; acrescentar filosofia e aumentar a carga de português; manter o 1º ano como está, e deixar que cada escola escolha como distribuir as aulas no 2º e no 3º ano; ou elaborar outro modelo de grade curricular, de acordo com as sugestões de cada escola.
A proposta defendida por Chalita é a que cria a flexibilização para os dois últimos anos do ensino médio. "A escola vai poder perceber que tipo de limitação seus alunos têm e compensar no ano seguinte", afirmou.
A proposta vitoriosa será adotada para toda a rede. Segundo a secretaria, que promete divulgar o resultado no fim do mês, as escolas terão mais compromisso na aplicação do currículo se participarem de sua definição. Se ganhar a proposta aberta, a secretaria precisará trabalhar com todas as sugestões feitas para chegar a uma opção única de currículo.
Os sindicatos aprovam a "eleição", mas dizem que tudo foi feito em cima da hora. Para a secretaria, não houve surpresa, pois Chalita já havia dito que ouviria as escolas para fazer mudanças.


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