São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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CÂMARA

Disputa por presidência da Casa provoca disputa

Líder de aliados ameaça engrossar oposição a Marta no Legislativo

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Integrante da base que apóia o governo Marta Suplicy (PT) na Câmara e nome que lidera um grupo de 29 dos 55 vereadores para se eleger presidente do Legislativo no próximo domingo, Antônio Carlos Rodrigues (PL) ameaçou ontem mudar para o grupo de oposição se houver interferência do governo na disputa.
Ele define interferência como a possibilidade de um dos parlamentares que já assinaram um documento de apoio à sua candidatura passar a apoiar o candidato do governo devido, por exemplo, a oferta de cargos no Executivo. "Isso [ir para a oposição" não precisa nem perguntar", disse sobre eventuais sequelas da disputa.
O vereador do PL não quis falar ontem sobre a quantidade de parlamentares que o acompanhariam rumo à oposição. Sua candidatura, porém, emplacou devido ao descontentamento de vereadores, como do PMDB e do PDT, com o governo devido a vetos a projetos de vereadores.
Ou seja, se esse grupo for derrotado na sucessão de José Eduardo Cardozo (PT), o governo vencerá a disputa pela presidência, mas poderá enfrentar dificuldade para aprovar projetos de interesse do PT já neste ano. Essa dificuldade não foi enfrentada até agora.
Para o candidato do governo, Arselino Tatto, a ameaça de Rodrigues não foi surpresa. Para ele, o grupo já está se comportando como oposição devido a ameaças veladas de mudanças em projetos, como fixar em 1% a taxa de remanejamento de recursos que Marta poderá fazer no Orçamento de 2003. "Isso [o fato de Rodrigues estar na disputa" significa que não se trata de uma outra candidatura da base. No meu entendimento, trata-se de uma candidatura de oposição. A troco de que querem dar 1%?"
O vereador petista afirmou ontem ter apoio suficiente para ser eleito presidente da Câmara no domingo, como seu adversário. "Então, na Casa deve ter quase 60 vereadores. Está esquisito isso", disse sobre o fato de seus votos e os de Rodrigues somarem ao menos 57 parlamentares.
Enquanto a disputa não se encerra, a Câmara enfrenta a paralisação dos trabalhos. Ontem não houve quórum para abrir duas sessões. A única votação que poderá ocorrer nesta semana será para avaliar a indicação pelo governo de Maurício Faria, ex-presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), para uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Município.
A aprovação ou veto ao nome poderá ocorrer amanhã. Ontem, ele foi sabatinado pelos vereadores por duas horas e meia.


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