São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2008

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Planos de saúde prevêem reajuste de até 10%

Mudança ocorreria por conta da ampliação da cobertura obrigatória pelas empresas, anunciada anteontem pela ANS

Entidades de saúde privada ameaçam ir à Justiça caso o cálculo da ANS para reajuste das mensalidades não contemple procedimentos

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades de saúde privada prevêem aumentos de até 10% no valor dos planos de saúde em razão da ampliação da cobertura obrigatória anunciada na quinta-feira pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Elas ameaçam ainda ir à Justiça caso o reajuste de mensalidades, que será autorizado em maio, pela agência, não contemple os procedimentos.
A ANS, que define o reajuste mas não limita o valor máximo da contratação dos planos, já havia adiantado anteontem que o reajuste será como nos outros anos e que irá observar o impacto da inclusão dos novos procedimentos para determinar o aumento em 2009.
A nova lista tem 2.973 itens e inclui sessões de psicoterapia, fonoaudiologia, exames de DNA para detecção de doenças e laqueadura, entre outros procedimentos. A obrigatoriedade vale a partir de 2 de abril, e há multas previstas para quem não oferecer os serviços.
Apesar de dizerem que a inclusão dos procedimentos é benéfica para os clientes e que inclui importantes avanços da medicina, diferentes segmentos da saúde privada afirmam que a medida tem impacto financeiro, a ser sentido pelo consumidor já na aquisição de novos planos.
No setor de entidades filantrópicas, Julcemar Ragnini, diretor do departamento de operadoras de plano de saúde da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, afirma que o valor dos planos "vai sem dúvida aumentar a curto prazo."
"É uma tendência das operadoras já aplicarem um aumento de 5% a 10% já contando com esse impacto nas novas vendas. A nossa vai aplicar em torno de 5% a partir de abril, e vamos monitorar como será a busca pelos serviços. Há uma demanda reprimida", afirma. Segundo ele, a inclusão de procedimentos de prevenção poderá diminuir custos a longo prazo.
A assessoria de imprensa da Associação Brasileira de Medicina de Grupo informou que os novos serviços poderão gerar entre 8% e 10% no custo das operadoras, o que poderá se refletir em aumentos no valor dos planos. A entidade estuda medidas administrativas e judiciais contra o governo.
Já para o diretor de integração cooperativista da Unimed do Brasil (empresa que reúne cooperativas médicas), João Caetano, os aumentos podem começar "desde já" para quem for adquirir um plano. A estratégia das operadoras seria subir o preço antes do anúncio do reajuste em maio, prevendo um valor adequado ao custo dos novos procedimentos.
"Falar em porcentagem, agora, seria especulação, mas os aumentos devem acontecer."
Ele afirma ainda que as operadoras se reunirão com a ANS. "Queremos saber qual é a fórmula mágica. Se ela não for sensível e não explicar qual é o milagre, vamos pensar no que fazer. Nós temos a obrigação de garantir a segurança e a viabilidade das Unimeds. Vamos acionar a ANS, se preciso."
A Fenasaúde, que representa seguradores especializadas em saúde e outras empresas, diz que ainda analisa o impacto das mudanças. Já a Unidas, que representa as operadoras de autogestão, diz que o impacto será parcial, porque algumas empresas já oferecem os serviços que se tornaram obrigatórios.
Os novos procedimentos são válidos apenas para os planos contratados após 1º de janeiro de 1999 -regidos pela lei 9.656, que estabeleceu regras para o setor- e deverão beneficiar cerca de 26 milhões de pessoas. Planos anteriores seguem as regras previstas em contrato.


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