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Planos de saúde prevêem reajuste de até 10%
Mudança ocorreria por conta da ampliação da cobertura obrigatória pelas empresas, anunciada anteontem pela ANS
Entidades de saúde privada ameaçam ir à Justiça caso o cálculo da ANS para reajuste das mensalidades não contemple procedimentos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de saúde privada
prevêem aumentos de até 10%
no valor dos planos de saúde
em razão da ampliação da cobertura obrigatória anunciada
na quinta-feira pela ANS
(Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Elas ameaçam ainda ir à Justiça caso o reajuste de mensalidades, que será autorizado em
maio, pela agência, não contemple os procedimentos.
A ANS, que define o reajuste
mas não limita o valor máximo
da contratação dos planos, já
havia adiantado anteontem
que o reajuste será como nos
outros anos e que irá observar o
impacto da inclusão dos novos
procedimentos para determinar o aumento em 2009.
A nova lista tem 2.973 itens e
inclui sessões de psicoterapia,
fonoaudiologia, exames de
DNA para detecção de doenças
e laqueadura, entre outros procedimentos. A obrigatoriedade
vale a partir de 2 de abril, e há
multas previstas para quem
não oferecer os serviços.
Apesar de dizerem que a inclusão dos procedimentos é benéfica para os clientes e que inclui importantes avanços da
medicina, diferentes segmentos da saúde privada afirmam
que a medida tem impacto financeiro, a ser sentido pelo
consumidor já na aquisição de
novos planos.
No setor de entidades filantrópicas, Julcemar Ragnini, diretor do departamento de operadoras de plano de saúde da
Confederação das Santas Casas
de Misericórdia, afirma que o
valor dos planos "vai sem dúvida aumentar a curto prazo."
"É uma tendência das operadoras já aplicarem um aumento de 5% a 10% já contando com
esse impacto nas novas vendas.
A nossa vai aplicar em torno de
5% a partir de abril, e vamos
monitorar como será a busca
pelos serviços. Há uma demanda reprimida", afirma. Segundo
ele, a inclusão de procedimentos de prevenção poderá diminuir custos a longo prazo.
A assessoria de imprensa da
Associação Brasileira de Medicina de Grupo informou que os
novos serviços poderão gerar
entre 8% e 10% no custo das
operadoras, o que poderá se refletir em aumentos no valor dos
planos. A entidade estuda medidas administrativas e judiciais contra o governo.
Já para o diretor de integração cooperativista da Unimed
do Brasil (empresa que reúne
cooperativas médicas), João
Caetano, os aumentos podem
começar "desde já" para quem
for adquirir um plano. A estratégia das operadoras seria subir
o preço antes do anúncio do
reajuste em maio, prevendo um
valor adequado ao custo dos
novos procedimentos.
"Falar em porcentagem, agora, seria especulação, mas os
aumentos devem acontecer."
Ele afirma ainda que as operadoras se reunirão com a ANS.
"Queremos saber qual é a fórmula mágica. Se ela não for sensível e não explicar qual é o milagre, vamos pensar no que fazer. Nós temos a obrigação de
garantir a segurança e a viabilidade das Unimeds. Vamos acionar a ANS, se preciso."
A Fenasaúde, que representa
seguradores especializadas em
saúde e outras empresas, diz
que ainda analisa o impacto das
mudanças. Já a Unidas, que representa as operadoras de autogestão, diz que o impacto será
parcial, porque algumas empresas já oferecem os serviços
que se tornaram obrigatórios.
Os novos procedimentos são
válidos apenas para os planos
contratados após 1º de janeiro
de 1999 -regidos pela lei 9.656,
que estabeleceu regras para o
setor- e deverão beneficiar
cerca de 26 milhões de pessoas.
Planos anteriores seguem as
regras previstas em contrato.
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