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AMBIENTE
10,5 milhões de pessoas no Estado bebem água com fezes, lixo e produtos tóxicos
Água contaminada abastece 80% do Rio
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Fezes, lixo hospitalar e produtos
tóxicos contaminam a água com
que a Cedae (Companhia Estadual
de Águas e Esgotos) abastece 80%
da população do Estado do Rio.
Cerca de 10,5 milhões de pessoas
bebem essa água.
A poluição no rio Guandu, cuja
água abastece o Grande Rio, nunca esteve tão alta, revelou à Folha
o engenheiro Flávio Guedes, diretor de Operações e Manutenção da
companhia que distribui água na
região metropolitana.
"Há um quadro de destruição
do único manancial de abastecimento de água do Rio de Janeiro.
A situação tem se agravado. E
muito", afirmou Guedes.
A região metropolitana usa água
captada no rio Paraíba do Sul, que
nasce em São Paulo, passa pelo interior fluminense e deságua no
mar, na altura de São João da Barra (330 km a nordeste da capital).
A água tirada do Paraíba segue
por tubulações para o ribeirão das
Lajes e, daí, para o rio Guandu,
onde funciona a estação de tratamento, último estágio antes do
destino final -a torneira.
Quando chega à estação, a água
do Guandu apresenta tom escuro,
impregnada de coliformes fecais,
lixo flutuante (plásticos e latas,
por exemplo) e materiais tóxicos.
Para tornar a água potável, a Cedae adiciona cloro na estação de
tratamento. Em casos de poluição
elevada, a companhia usa outros
produtos químicos, como sais de
ferro e sulfato de alumínio.
Foi o que deveria ter acontecido
no fim-de-semana, quando, por
causa de um temporal, o rio
Guandu recebeu uma carga inesperada de detritos. Após a tempestade, o Guandu apresentava 1.300
unidades de substância sólida em
suspensão, quando o normal é de
20 a 30 unidades.
Como não tinha os produtos
químicos necessários à purificação da água, 50 vezes mais escura
que o usual, a Cedae cortou 30%
do abastecimento do Rio, o que
provocou falta d'água em todas as
áreas da cidade.
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