UOL


São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Recuperação de áreas custa R$ 3,3 bi

DA REPORTAGEM LOCAL

Se a favelização fosse estancada hoje, como em um passe de mágica, a Prefeitura de São Paulo já precisaria aplicar pelo menos R$ 3,3 bilhões para recuperar os 30,62 km2 de favelas.
O cálculo utiliza uma projeção tradicional de gasto de urbanização que calcula em pouco mais de R$ 11.500 o desembolso por família. O investimento, se contínuo e em torno dos R$ 220 milhões que o governo estima possível, demoraria cerca de 15 anos para chegar ao objetivo. O montante é quase a totalidade do orçamento da Secretaria Municipal da Habitação.
Paulo Teixeira, o secretário, esclarece que o orçamento não pode figurar como fator limitador dessa meta. "Temos investido cerca de R$ 70 milhões na urbanização de favelas, mas inverter esse quadro exige uma grande captação externa de recursos e uma forte presença do governo federal."
O programa de urbanização -batizado de "Bairro Legal"- tem basicamente duas fases: obras e titulação. A primeira começou em dezembro em duas favelas -São Francisco 1 e São Francisco 5- e está sendo licitada em outras 28.
A segunda fase, a titulação, deve ser experimentada pela primeira vez em abril. Para tanto, 160 áreas públicas -que somam 3,6 km2 e estão invadidas- foram desafetadas (tiveram o uso público alterado pela Câmara) há um mês.
As visitas para cadastramento dos moradores já começaram em 20 delas. Traçado o perfil da região, o governo decidirá se fará uma titulação individual ou coletiva. Na prática, dará a propriedade dos imóveis aos favelados.
Quando estiver concluída, em pelo menos um ano, a desafetação das 160 áreas públicas invadidas beneficiará 48 mil famílias.
Em áreas privadas, a prefeitura quer fazer um convênio com a OAB para dar assistência jurídica aos interessados em reivindicar o usucapião urbano das terras.
A titulação de áreas favelizadas é uma das metas do governo federal, que estuda a possibilidade de produzir um decreto que fixe regras para a distribuição de posse para os lotes favelizados.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, chegou a propor publicamente que a União homologue certificados de posse emitidos por associações de moradores, mas a idéia não encontra consenso no próprio governo. (SC)


Texto Anterior: Censo do IBGE usa outros critérios
Próximo Texto: Urbanidade: Criação "off-Garden"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.