São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

No Rio, Justiça proibiu ontem desfile de carro do Salgueiro com imagens de bicheiros; promotoria apura o caso em SP

Império será investigada em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

DA SUCURSAL DO RIO

A Império de Casa Verde, escola vencedora do Carnaval de São Paulo, será investigada pelo Ministério Público por supostamente ter praticado apologia ao crime durante o desfile.
Uma estátua do bicheiro Francisco Plumário Júnior, o Chico Ronda, foi exibida pela agremiação na avenida. Assassinado em 2003, o patrono da Império foi acusado de envolvimento com o jogo do bicho na zona norte. Hoje seu filhos comandam a escola.
"E por falar em sonhos e conquistas/ Eis um nobre idealista, revolucionário imperial(...)", são alguns dos versos dedicados ao bicheiro no samba da campeã, "Brasil, se Deus é por nós, quem será contra nós?"
"O que eu não posso tolerar e não vou é que indivíduos tidos como delinquentes se projetem bem socialmente, na mídia, se passando por cidadãos honestos", afirmou o promotor Dimitrius Eugênio Bueri, da 30ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, que abrirá a investigação.
Segundo Bueri, seu foco são as pessoas responsáveis pela homenagem. Durante o procedimento, ele decidirá se é necessário pedir um inquérito policial para o caso.
Bueri afirmou que no curso da investigação vai verificar se será necessário ampliar a investigação para os meios de financiamento da escola, que nega receber recursos do jogo do bicho. A reportagem não conseguiu ontem ouvir representantes da agremiação.
A Justiça do Rio proibiu, no fim da tarde de ontem, que a quinta colocada, o Salgueiro, saia hoje no Desfile das Campeãs com o carro com imagens dos bicheiros e ex-patronos Waldemir Paes Garcia, o Miro, e seu filho, Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, mortos em 2004. A escola está proibida ainda de levar à avenida o filho de Maninho, conhecido como Mirinho. Em caso de descumprimento, terá de pagar R$ 500 mil.
No início da tarde, o presidente do Salgueiro, Luiz Augusto Duran havia confirmado a homenagem. "Claro que vamos fazer levar o telão", afirmou, pouco antes da proibição da Justiça.
A Corregedoria da Polícia Civil do Rio informou ontem que irá apurar se houve irregularidade por parte do delegado da Delegacia Anti-Seqüestro, Fernando Moraes, que na segunda de Carnaval usava uma camisa da diretoria da escola Beija-Flor.
O Ministério Público do Estado do Rio faz investigação de apologia ao crime supostamente presente nos desfiles do Salgueiro e da Mocidade Independente de Padre Miguel, que também homenageou bicheiros. (FABIANE LEITE E LIGIA DINIZ)

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