São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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Especialistas querem dados detalhados

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas ouvidos pela Folha encaram com preocupação a alta de 20% nas mortes de pedestres em 2004 e admitem os efeitos do corredor de ônibus à esquerda como uma possibilidade, mas destacam ser necessária a retomada das análises detalhadas das estatísticas, interrompidas pela CET, até para confirmar ou negar as hipóteses e traçar as estratégias para reduzir o número de vítimas.
O consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) Philip Anthony Gold afirma não se lembrar de outras mudanças -além do Passa-Rápido e demais obras viárias- que possam ter interferido no resultado e que a implantação de faixa exclusiva à esquerda já havia tido impacto no corredor de ônibus Nove de Julho-Santo Amaro, nos anos 80.
"Ficou evidente que a segurança dos pedestres foi deixada de lado em algumas obras feitas em 2004. Mas a CET precisa analisar com detalhes os locais [dos casos] para confirmar os impactos", diz.
Segundo ele, a implantação dos corredores requer um deslocamento de pessoal para orientar os pedestres. Ele também sugere que haja sinalização ostensiva e orientação nas escolas.
Em setembro, a Folha antecipou a preocupação com os atropelamentos nos corredores. No Ibirapuera, houve seis vítimas nos 11 primeiros dias de inauguração.
A situação era reconhecida pela CET, que prometia fazer campanha educativa de orientação aos pedestres. Dias depois, foram feitas faixas com alguns alertas.
Segundo Luiz de Carvalho Montans, engenheiro da CET, a gestão Serra já está discutindo medidas para controlar os acessos aos pontos de parada e mudar os hábitos dos pedestres.
"É preciso mapear, até para dimensionar. É uma hipótese, mas pode haver outras, como problemas de iluminação e excesso de velocidade", afirma Jaime Waisman, professor da USP, que também sugere um treinamento aos motoristas de ônibus.
O engenheiro Horácio Figueira defende um sistema de fiscalização aleatória. "É preciso usar os fiscais da CET para cuidar da segurança do trânsito, multar na faixa de pedestre e nos semáforos, e não para ficarem voltados ao rodízio", defende. (AI)


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