São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Nove morrem em invasão a favela no Rio

Polícia investiga tentativa de traficantes de retomar venda de drogas em área tomada por milícia na zona norte da cidade

Mortes ocorreram na favela Kelson's e na av. Brasil, uma das principais vias do Rio; uma hora depois, polícia encontrou corpo de um cabo


TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

DIANA BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em mais uma guerra entre milícias, traficantes e policiais no Rio, nove homens foram mortos na manhã de ontem na favela Kelson's e na avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, na altura do bairro da Penha, zona norte do Rio.
O ataque aconteceu depois das 7h, quando um grupo de dez traficantes armados de revólveres, pistolas e fuzis entrou na favela Kelson's e matou três homens que seriam envolvidos com o grupo de milicianos que, em novembro do ano passado, expulsou os traficantes de lá.
O grupo de milicianos é formado por policiais militares e ex-policiais. O chefe seria do 16º BPM (Batalhão de Polícia Militar), segundo investigação da 22ª DP (Delegacia Policial).
Entre os mortos está o pedreiro Noelson Ribeiro de Azevedo, 42, capturado em casa pelos criminosos. Ele construiu em dezembro, por ordem dos milicianos, um muro com um portão de ferro na rua do Alpiste, um dos acessos à favela, para dificultar a retomada do controle da área por traficantes.
Os outros mortos são Sidney Moreira de Azevedo, 32, e Adão Mário Rodrigues Neto, 26, que também seriam integrantes da milícia, segundo moradores. Depois de uma troca de tiros, traficantes fugiram em um Peugeot e um Corolla.
Na saída da favela, em frente ao Mercado São Sebastião, já na avenida Brasil, os traficantes se depararam com dois carros da PM e houve nova troca de tiros. Os cinco que estavam no Peugeot morreram. Com eles, a polícia apreendeu quatro revólveres e uma granada.
Na hora do tiroteio, havia cerca de 30 pessoas em um ponto de ônibus próximo ao local. Eles se assustaram e se jogaram no chão para se proteger dos tiros. Ninguém ficou ferido. Segundo a polícia, o ataque ocorreu de manhã pois é quando a milícia está enfraquecida, na troca de turno.
Apesar de os PMs terem informado que estavam numa ronda rotineira, moradores da comunidade afirmam que foram os milicianos que avisaram a PM sobre o ataque.
O delegado titular da 22ª DP, Alcides Iantorno, investiga o ataque como uma tentativa malsucedida dos traficantes de retomar o controle da favela.

Policial morto
Uma hora depois do crime, a PM encontrou, a poucos metros da favela, na avenida Brasil, o corpo do cabo Luiz Cláudio de Souza Vargas, 34, no porta malas de uma caminhonete A-20. Ele estava à paisana e tinha dezenas de tiros no rosto. O carro tinha pelo menos 50 perfurações de bala.
Iantorno vai investigar se o cabo, que era do 16º BPM -responsável pelo policiamento da área da favela Kelson's- era integrante da milícia e se foi morto pelos criminosos que estavam no Corolla e fugiram do confronto com a polícia.
Segundo o delegado, quando foram expulsos, traficantes se refugiaram nas favelas Vila Cruzeiro (Penha) e Cidade Alta (Cordovil), comandadas por traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho.


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