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Nove morrem em invasão a favela no Rio
Polícia investiga tentativa de traficantes de retomar venda de drogas em área tomada por milícia na zona norte da cidade
Mortes ocorreram na favela Kelson's e na av. Brasil, uma das principais vias do Rio; uma hora depois, polícia encontrou corpo de um cabo
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
DIANA BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em mais uma guerra entre
milícias, traficantes e policiais
no Rio, nove homens foram
mortos na manhã de ontem na
favela Kelson's e na avenida
Brasil, uma das principais vias
da cidade, na altura do bairro
da Penha, zona norte do Rio.
O ataque aconteceu depois
das 7h, quando um grupo de
dez traficantes armados de revólveres, pistolas e fuzis entrou
na favela Kelson's e matou três
homens que seriam envolvidos
com o grupo de milicianos que,
em novembro do ano passado,
expulsou os traficantes de lá.
O grupo de milicianos é formado por policiais militares e
ex-policiais. O chefe seria do
16º BPM (Batalhão de Polícia
Militar), segundo investigação
da 22ª DP (Delegacia Policial).
Entre os mortos está o pedreiro Noelson Ribeiro de Azevedo, 42, capturado em casa pelos criminosos. Ele construiu
em dezembro, por ordem dos
milicianos, um muro com um
portão de ferro na rua do Alpiste, um dos acessos à favela, para
dificultar a retomada do controle da área por traficantes.
Os outros mortos são Sidney
Moreira de Azevedo, 32, e Adão
Mário Rodrigues Neto, 26, que
também seriam integrantes da
milícia, segundo moradores.
Depois de uma troca de tiros,
traficantes fugiram em um
Peugeot e um Corolla.
Na saída da favela, em frente
ao Mercado São Sebastião, já na
avenida Brasil, os traficantes se
depararam com dois carros da
PM e houve nova troca de tiros.
Os cinco que estavam no Peugeot morreram. Com eles, a polícia apreendeu quatro revólveres e uma granada.
Na hora do tiroteio, havia
cerca de 30 pessoas em um
ponto de ônibus próximo ao local. Eles se assustaram e se jogaram no chão para se proteger
dos tiros. Ninguém ficou ferido.
Segundo a polícia, o ataque
ocorreu de manhã pois é quando a milícia está enfraquecida,
na troca de turno.
Apesar de os PMs terem informado que estavam numa
ronda rotineira, moradores da
comunidade afirmam que foram os milicianos que avisaram
a PM sobre o ataque.
O delegado titular da 22ª DP,
Alcides Iantorno, investiga o
ataque como uma tentativa
malsucedida dos traficantes de
retomar o controle da favela.
Policial morto
Uma hora depois do crime, a
PM encontrou, a poucos metros da favela, na avenida Brasil, o corpo do cabo Luiz Cláudio de Souza Vargas, 34, no porta malas de uma caminhonete
A-20. Ele estava à paisana e tinha dezenas de tiros no rosto. O
carro tinha pelo menos 50 perfurações de bala.
Iantorno vai investigar se o
cabo, que era do 16º BPM -responsável pelo policiamento da
área da favela Kelson's- era integrante da milícia e se foi morto pelos criminosos que estavam no Corolla e fugiram do
confronto com a polícia.
Segundo o delegado, quando
foram expulsos, traficantes se
refugiaram nas favelas Vila
Cruzeiro (Penha) e Cidade Alta
(Cordovil), comandadas por
traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
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